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Reinventar-se é preciso

por Angela Rodrigues publicado 08/01/2017 04h00, última modificação 08/03/2017 14h31

Para desempenhar os vários papéis que assumem em suas vidas, as mulheres têm de se reinventar em vários momentos. O processo envolve decisões e nem sempre é fácil. Nessa quarta-feira, dia 8, Dia Internacional da Mulher, a equipe do Acontece Unimep conversou com duas professoras que souberam se reinventar, profissional e pessoalmente. Valéria Rueda Elias Spers e Dagmar Silva Pinto de Castro (ao lado), ambas docentes do Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) da Unimep, fazem parte do universo que é maioria na Unimep. A universidade conta atualmente com 436 docentes e funcionárias, que trabalham ao lado de 428 professores e funcionários. Elas compartilham parte de suas experiências e dão dicas para todas as mulheres que também desejam se reinventar. A primeira delas é: ame-se!

Valéria destaca que atitudes como se amar, se admirar, se conhecer, se cuidar, ir em busca da própria felicidade e reservar tempo para si mesma são essenciais. “A mulher tem de se gostar; saber exatamente quais são as suas necessidades, saber o que gostaria de fazer. Esse mecanismo de se perceber e se sentir não é algo fácil. A gente tende a pensar nos outros e não na gente. Então, é preciso se gostar, se apreciar e ver o que realmente vale a pena na própria vida”, afirma.

A professora conta que teve de se reinventar ao ingressar na área acadêmica. Após atuar dez anos em uma organização empresarial, ela teve de decidir. “Foi um momento de escolha, o proprietário da empresa queria que eu ficasse. Eu falei: não! Foi um momento de eu me reinventar porque se tivesse ficado na organização empresarial galgaria cargos de gerência, mas com certeza também não produziria o que produzo hoje. Pra mim, é um grande prazer estar em sala de aula, é onde eu me realizo realmente”, conta ela, que também é coordenadora do MBA em Gestão e Negócios.

Práticas cotidianas

Interrogar a vida e buscar sabedoria para saber o que é negociável e o que é inegociável nas práticas cotidianas são atitudes que a professora do PPGA, Dagmar Silva Pinto de Castro, adotou. Uma das reinvenções em sua trajetória também exigiu escolhas. “Ocorreu em um contexto de mudança de cidade, de trabalho (havia passado em concurso público) e com duas filhas pequenas. Estava sem estudar há alguns anos e a vinda para São Paulo ofereceu a oportunidade de retornar aos bancos escolares. O curso que mais me chamou a atenção na época foi o de psicologia. Me descobri apaixonada pelo curso a partir do quarto para o quinto semestre. Foi quando percebi que era essa profissão que queria abraçar e desde então esse é o meu ofício”, conta.

Dagmar acrescenta que as várias demandas da rotina podem nos afastar e encobrir quem somos como pessoa. Por esse motivo, ela considera essencial cuidar da tarefa intransferível que é ser quem se é. “Anterior aos diferentes papéis que desempenho sou Dagmar e não posso me esquecer disso.  A professora lembra ainda que inventar-se é escapar dos moldes da civilização. “É interrogar-se sobre o seu desejo e não terceirizar ao outro aquilo que é seu. Não ficar refém do reconhecimento do outro (das pessoas ou da sociedade) para poder assumir o que se é. Não permitir que administrem a sua dor ou sua alegria. É apropriar-se de quem eu sou como mistério, como risco, como contradição. É poder falar que sou filha, sou mãe, sou avó, sou profissional, sou vizinha, sou amiga, sou cidadã, mas em todas essas faces sou Dagmar em minha inteireza. Sou única e singular”, afirma.   

Descobrir o que impulsiona cada mulher para se reinventar também é fundamental. Valéria diz que as reinvenções podem ser motivadas por fatores internos (doenças, estresse e outros) ou externos. Fatos como novos trabalhos, vinda dos filhos e outras mudanças exteriores e que exigem adaptação são, segundo ela, os mais impulsionam às reestruturações.

Cuidados com a saúde

Um dos pontos fundamentais citado pelas docentes para as mulheres desse século é: cuidar da saúde. “Nós conquistamos vários direitos no século 20 e com ele vieram as “faturas”. O número de mulheres com AVC, síndromes (pânico, distúrbios alimentares), e problemas cardíacos também aumentou. O grau de exigência veiculado pela sociedade e pelas próprias mulheres é exponencial. Precisamos encontrar a partir da nossa singularidade um caminho possível para o cuidado da saúde. Preferencialmente em nível de prevenção (bons hábitos alimentares, caminhar, dançar, ter boas amizades) sem a tirania da perfeição, mas assumindo a própria escolha do cuidar de si”, afirma Dagmar.

“As mulheres de outros períodos não tinham de enfrentar a pressão atual. A mulher hoje tem muitos pilares e o fato de desempenhar vários papéis (que inclui vários períodos de trabalho, gestão da casa e das finanças, cuidados com a família, o desejo de estar sempre bonita e arrumada), gera um nível de stress muito grande”, acrescenta Valéria.

Nesse sentido, algumas dicas dadas pelas docentes são:

- Cuide de sua saúde física e mental;

- Conheça e respeite os seus limites;

- Tenha um tempo para fazer algo que gosta, pelo menos, uma vez por semana;

- Não se torne refém do desejo do outro;

- Assuma a sua singularidade, sem esperar o reconhecimento dos outros.

(Fonte: professoras Valéria Spers e Dagmar Castro).

  

 

Texto: Angela Rodrigues
Edição: Celiana Perina
Foto: acervo
Última atualização: 08/03/2017