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Acervo com a história do XV de Piracicaba e do futebol nacional está no campus Centro

por Angela Rodrigues publicado 08/09/2016 05h00, última modificação 13/09/2016 11h04

A história do autor do primeiro gol olímpico, a cidade do Brasil que sediou a primeira partida de futebol noturna e o jogador que mais gols marcou com a camisa do EC XV de Novembro de Piracicaba. Essas informações e outras centenas de fatos e curiosidades sobre o futebol de Piracicaba e do Brasil estão reunidas em um mesmo local: no acervo esportivo Rocha Netto, localizado no campus Centro da Unimep e preservado pela equipe do Centro Cultural Martha Watts.

Considerado um dos mais completos do país, o acervo Rocha Netto também é conhecido como um dos mais completos sobre a trajetória de um clube do interior, o Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba. Em resumo, são mais de 50 mil imagens, além de 30 mil textos existentes em coleções de jornais, fichas técnicas de jogos, dados biográficos de atletas, livros, revistas e outros elementos. O acervo Rocha Netto é tema da 1ª série especial que irá destacar os acervos históricos que estão sob a guarda e preservação da equipe do Centro Cultural.

A criação do arquivo

Criado pelo jornalista Delphim Ferreira da Rocha Netto (1913-2003), o acervo nasceu no ano de 1919. Aos seis anos, Rocha Netto pedia fotos para os jogadores que vinham disputar partidas em Piracicaba e chegavam e partiam da cidade nos trens que passavam pela Estação da Paulista. Desde a brincadeira de garoto, Rocha Netto nunca mais parou e, ao longo de mais de 80 anos, reuniu milhares de documentos e fotografias do futebol brasileiro e internacional. “Se eu achava que o meu trabalho de criança ia se transformar nesse gigante que você está vendo? Nunca esperei, fiz só por gostar desse trabalho”, afirmou o jornalista em uma de suas entrevistas.

Rocha Netto atuou como jornalista esportivo por mais de 70 anos, e passou por veículos como o Jornal de Piracicaba, A Gazeta Esportiva, Correio de São Carlos, Diários Associados, Rádio Pan-Americana, dentre outros. Apaixonado pelo XV de Novembro, ele também escreveu dois livros sobre a história do alvinegro. No ano de 2002, o jornalista doou o seu acervo esportivo para o IEP (Instituto Educacional Piracicabano da Igreja Metodista). Ele morreu em agosto de 2003, aos 90 anos.

Pesquisas que surpreendem

Vivian Monteiro, técnica que atua no local há quatro anos, conta que os objetivos das pesquisas realizadas no local variam bastante e sempre surpreendem. “Os livros do XV contém muitas informações e curiosidades. Por exemplo, ao auxiliar um pesquisador, descobri que tivemos um jogador quinzista inventor da bateria, o João Felix de Arruda. Também me surpreendi quando encontrei artigos de jornal, escritos pelo próprio Rocha Netto, sobre a família Cobra e a relação dela com a música de raiz na cidade de Piracicaba”, detalha.

Riqueza de cair o queixo

Claudio Gioria, editor-chefe do jornal TodoDia, de Americana, conheceu o acervo quando era mantido pelo próprio jornalista. “O motivo de minha visita ao arquivo foi uma pesquisa sobre o Rio Branco, clube de Americana. O acervo é fantástico. Ninguém no interior de São Paulo – e eu conheço muitos pesquisadores – tem um acervo do nível do Rocha Netto. Uma riqueza – principalmente de fotografia - de cair o queixo. O Rocha Netto dedicou a vida a isso e era muito criterioso”, afirma.

Especificamente sobre a documentação relativa ao XV, Gioria conta que não existe clube no interior de São Paulo tão bem documentado fotograficamente quanto o XV de Piracicaba. “Como o XV passou muito tempo como um dos melhores clubes do interior do Estado, enfrentando tantos times importantes, esse acervo se torna único também em relação a outros clubes importantes”, afirma.

Copa Brasil de 1969

O piracicabano e torcedor do XV, Flávio Luís Duarte Forti, 34, estava curioso sobre o título conquistado pelo XV na Copa Brasil Central de 1969. “Queria saber mais do passado do time e meu pai me contou sobre o Rocha Netto e o acervo. O arquivo é muito rico de informações e detalhes sobre o esporte. O que achei mais interessante foi a dedicação que o Rocha Netto teve com o XV, pois ele fez registro de todos os jogos, tanto os amistosos quanto os oficiais e tudo bem catalogado, detalhado e organizado. Fiquei impressionado”, destaca o visitante.

O acervo está aberto a visitas, pesquisas e consultas de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 17h, no Espaço Memória do Centro Cultural Martha Watts, localizado no campus Centro da Unimep (rua Boa Morte, 1.257, Centro, Piracicaba). A entrada é gratuita. Outras informações podem ser obtidas no fone: (19) 3124-1889.


Texto: Angela Rodrigues
Edição: Celiana Perina
Fotos: Fábio Mendes
Última atualização: 08/09/2016