Aluna de doutorado em engenharia de produção conta sobre a experiência de intercâmbio sanduíche no Canadá
Trabalhar com pesquisadores de diversos lugares do mundo foi a oportunidade que marcou os últimos doze meses da trajetória de Renata Pelissari Infante, 33. Recém-chegada do Canadá, ela participou de programa de intercâmbio doutorado sanduíche em Ottawa. De março do ano passado até o último mês, Renata viveu em Ottawa, e estudou na Universidade de Ottawa, no departamento Telfer Management School.
De volta ao país e com muitos planos, ela terá o exame de qualificação de sua tese de doutorado nessa próxima segunda-feira, 9, e, após, pretende desenvolver aplicações do modelo desenvolvido em sua pesquisa. Renata também pretende retornar ao Canadá por alguns meses para realizar outros estudos e, até o fim do ano, finalizar o doutorado desenvolvido na Unimep com a orientação da profª Maria Célia de Oliveira, docente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
Em entrevista concedida à equipe do Acontece Unimep, a pós-graduanda falou sobre o período em que viveu em outro país e as contribuições que essa experiência possibilitou em sua formação e em sua trajetória profissional.
PESQUISA – Graduada em matemática (bacharelado) pela USP, e mestre em matemática aplicada pela mesma universidade, Renata conta que a oportunidade de participar do programa de doutorado sanduíche surgiu por meio de edital oferecido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do MEC. “Para me candidatar, precisava encontrar algum professor no exterior que trabalhasse na minha área de pesquisa (tomada de decisão multicritério) e ele precisaria me enviar a carta convite. Então, fiz o projeto de trabalho para esse um ano e enviei para uma professora, no Canadá. Ela me aceitou, eu enviei a documentação para a Capes e o sanduiche, então, foi aprovado em fevereiro de 2017”, detalha.
Ao longo do período em que esteve no Canadá, a pós-graduanda pesquisou sobre modelos de tomada de decisão multicritério sob múltiplas incertezas.
Ela conta que o tema é comum em muitas áreas da engenharia de produção. “Por exemplo, suponha que uma empresa queira classificar fornecedores em diferentes níveis de colaboração e risco. Como a seleção de fornecedores se configura como uma das atividades mais críticas para o estabelecimento de uma cadeia de suprimentos efetiva, diversos critérios são considerados no momento da escolha, como o tempo de entrega, preço, qualidade da matéria-prima e capacidade de produção da empresa fornecedora. Por questões estratégicas ou de imagem, pode ser que a empresa considere também o nível de maturidade dos fornecedores em relação a questões ambientais e sociais. Nessa situação, o fornecedor que tem as melhores ações ambientais e sociais, além de fornecer matéria-prima com alta qualidade, não será necessariamente o com menor preço. Essa é uma situação de tomada de decisão com critérios conflitantes entre si, chamada tomada de decisão multicritério”, detalha.
Ela acrescenta que o modelo de tomada de decisão multicritério desenvolvido durante o ano que permaneceu no Canadá pode ser aplicado em diversas áreas da engenharia de produção. “Além disso, esse modelo também pode ser aplicado quando diferentes tipos de dados estão disponíveis, inclusive quando esses dados não são determinísticos ou exatos, o que é exigido nos modelos tradicionais”, afirma Renata.
PARCERIAS – Mesmo já tendo viajado em períodos de férias para vários países da Europa e Ásia, foi com o doutorado sanduíche que Renata pode conhecer pela primeira vez a América do Norte e também residir fora do Brasil.
A universitária aponta que os resultados dessa experiência para a sua trajetória profissional e pessoal foram excelentes. “Pessoalmente, é um crescimento enorme por conta de aprender a conviver em outra cultura, muito diferente da nossa, e também por causa da língua. Uma vez que você está imerso, fica muito mais fácil melhorar o idioma inglês. Já profissionalmente, você tem a oportunidade de trabalhar com pesquisadores de diversos lugares do mundo (uma vez que o Canadá aceita muitos pesquisadores do exterior), entender como funciona uma universidade internacional e desenvolver novas parcerias internacionais importantes para desenvolvimento de novas pesquisas”, afirma.
Texto: Angela Rodrigues
Fotos: acervo pessoal Renata Pelissari Infante
Última atualização: 06/04/2018