Alunos de biologia investigam as espécies do campus Taquaral em projetos de pesquisa
Já é comum para alunos, docentes e funcionários se depararem com corujinhas de espécies diferentes em pontos distintos do campus Taquaral. Elas, que observam atentamente os visitantes e já viraram modelos para fotos nas mídias sociais, compõem a variedade de aves e insetos que vivem no campus, especialmente na Fazendinha, antiga sede de fazenda transformada em local de hospedagem. Para fazer o levantamento de todas as espécies que habitam a região, os alunos do curso de biologia da Unimep - Universidade Metodista de Piracicaba conduziram pesquisas distintas. Alessandro Furlan, Graziela Rocha Lima e Larissa Canalle exploraram, em seus respectivos projetos, as aves, os insetos e a vegetação do campus, entre 2016 e 2017.
Os resultados desses estudos serão utilizados para a confecção do “Guia de Aves para o campus Taquaral”. A publicação também irá incluir as espécies vegetais presentes na área estudada e outros recursos que favorecem a manutenção da avifauna (conjunto de aves de uma região), como os insetos.
Graziela Lima destaca que, há alguns anos, uma plantação de eucaliptos foi derrubada para a construção de condomínio fechado, nos arredores do campus. “A partir dessa derrubada, surgiu uma área de campo aberto e vegetação rasteira. Isso atraiu muitas espécies, inclusive de corujas”, conta Graziela.
Segundo a professora da Faculdade de Ciências da Saúde da Unimep e docente de disciplinas no curso de biologia, Maria Eliana Gonçalves, a área aberta favorece a alimentação de algumas espécies. Entre elas, afirma a professora, estão as corujas – consideradas espécies caçadoras. “Essas aves são exemplos de espécies favorecidas pela modificação”, ressalta.
ECOSSISTEMAS DA FAZENDINHA
Por outro lado, Maria Eliana também aponta que as modificações ocorridas na região transformaram a Fazendinha em local de refúgio para diversas espécies. Só em rela
ção às aves, Graziela identificou, em seu projeto de iniciação científica, 127 espécies. Ainda segundo a sua pesquisa, isso representa quase 40% das espécies de aves encontradas em Piracicaba.
Dentre as principais espécies de aves encontradas pela aluna no local foram: Mergulhão caçador (nome científico: Podilymbus podiceps), Maria faceira (Syrigma sibilatrix), Socozinho (Butorides striata), Coró-coró (Mesembrinidis cayennensis), Choró boi (Taraba major), Saracura sanã (Pardirallus nigricans), Frango d’água azul (Porphyrio martinicus), Martim pescador verde (Chloroceryle amazona), Jaçanã (Jacana jacana). Já em relação às corujas especificamente, Graziela se deparou com as espécies: Coruja buraqueira (Athene cunicularia), Corujinha do mato (Megascops choliba), Coruja orelhuda (Asio clamator), Mocho dos banhados (Asio flammeus) e Suindara (Tyto furcata).
A professora acrescenta que, além das modificações ambientais, a vinda dessa população ocorre por conta das condições que o local oferece para as espécies. “A Fazendin
ha tem área muito arborizada; muitos frutos e insetos; e o lago, que é extremamente importante”, salienta Eliana.
Foi nesse lago, aliás, que a universitária Larissa Canalle identificou a existência de tricópteros – inseto aquático considerado bioindicador. Essa espécie desempenha papel importante no monitoramento da qualidade da água, por ser sensível à poluição dos ecossistemas aquáticos. Ou seja, eles só aparecem, segundo a professora Eliana, em ambientes considerados preservados.
PESQUISAS
Os estudantes Alessandro Furlan e Graziela Lima conduziram projetos de iniciação científica (IC) e conclusão de curso (TCC) sobre, respectivamente, a vegetação e as aves do campus Taquaral. Já Larissa Canalle desenvolveu projeto de IC sobre os insetos do campus. Abaixo você confere os principais pontos de cada projeto:
“Levantamento florístico e análise de recursos vegetais disponíveis para a avifauna na Unimep” (desenvolvido por Alessandro Furlan e orientado pelos professores Marcela Firens da Silveira e Sílvia Regina Gobbo, e também pelo ex-docente da universidade, Victor Forti): O aluno realizou o levantamento florístico das espécies arbóreas e arbustivas do campus Taquaral (incluindo a Fazendinha). No projeto, foram identificadas 90 espécies. O aluno aponta que essas espécies, por sua vez, atraem vários tipos de fauna para o campus. "O levantamento da flora é importante pois pouco se sabe sobre as árvores plantadas no campus ou aquelas que restaram da vegetação nativa. É recomendável conhecer o que se possui de plantas para conservação e manutenção de espécies de animais, oferecendo abrigo e alimento", afirma a professora Marcela.
“Diversidade de aves no campus Taquaral da Unimep e uso do habitat” (desenvolvido por Graziela Lima e orientado pela professora Maria Eliana Gonçalves): A aluna fez um levantamento das aves presentes no campus e suas relações com os recursos ambientais disponíveis na área estudada. Graziela passou um ano fazendo observações semanais das espécies. No estudo, a aluna identificou 127 espécies de aves. De acordo com a estudante, mesmo com o fato de essa região seja composta por extensas plantações de cana-de-açúcar e construções, essa variedade ainda é possível por conta da existência de campos abertos e arborizados.
“Diversidade de insetos no campus Taquaral da Unimep” (desenvolvido por Larissa Canalle e orientado pela professora Maria Eliana Gonçalves): Também ao longo de um ano, Larissa fez o levantamento sobre a diversidade de insetos existentes no campus e investigou o papel desempenhado pelas espécies. No total, a aluna catalogou 137 insetos, de 53 espécies diferentes. Além disso, Larissa analisou quais são os fatores ambientais que favorecem a ocorrência dessas espécies. Na pesquisa, ela também ressalta que as áreas do campus, principalmente a Fazendinha, possuem muitos recursos que são aproveitados pelos insetos.
Texto: Pedro Spadoni
Edição e coordenação: Celiana Perina
Fotos: acervo, Larissa Canalle e Pedro Spadoni
Última atualização: 26/02/2018