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Ano novo, vida nova? Depende apenas de você...

por Universidade Metodista de Piracicaba — publicado 05/01/2016 09h01, última modificação 26/04/2016 15h53

O ano novo está aí e há quem espere por 2016 para começar vida nova, concretizar planos e realizar desejos novos ou antigos. Mas, e se, passada a empolgação do momento, a rotina fizer com que as pessoas assumam novamente o lado mais operacional? A docente do PPGA/Unimep, Yeda Oswaldo, afirma que as pessoas que se mostram animadas no início de algo novo e caem facilmente no operacional agem desse modo porque a mudança foi de fora para dentro. “Muitas pessoas acham que estão na mudança, mas não. Uma mudança profunda exige mente, coração e vontade”, afirma.

Para vivenciar uma mudança profunda é preciso trabalhar o passado. “Na mudança profunda é preciso suspender o passado, ver além do que se vê. Se eu perguntar como você se vê no futuro, provavelmente vai pedir um tempo para pensar, terá dificuldades; mas, se eu perguntar se você se lembra de sua infância saberá na hora. As pessoas não conseguem ter visão do futuro porque o passado é a única coisa que se pensa que tem. No entanto, o único tempo que se tem é o aqui agora. Isso é consciência”, afirma ela.

IMPREVISTOS

Mudanças em geral tendem a ser vistas positivamente apenas se planejadas ou se vão ao encontro de nossos desejos. E quando surgem os inesperados da vida? O docente do curso de filosofia, José Lima, diz que se a situação é confortável, não há de se querer mudanças. “Obviedade à parte, todos nós preferimos o prazer à dor. Portanto, entender as mudanças depende de querer ou rejeitar essas mudanças”, pontua. O docente cita alguns exemplos de mudanças que não agradam e nem contribuem para a potencialização das pessoas.

“Um novo chefe sem preparo angustia seus subordinados; um novo professor que dissimula sua arrogância em indisfarçáveis técnicas de manipulação desrespeita seus alunos; um novo aplicativo que agiliza processos de informação e comunicação em detrimento da degustação inventiva dos recursos “zóio-nos-zóio” atrapalha a performance intersubjetiva”, cita.

Nesse caso, como agir? Reconsiderar e, se possível, superar tais mudanças. “A ultrapassagem desses incômodos requer criticidade e criatividade, fatores oriundos de outra mudança chamada amadurecimento pessoal e profissional. Aliás, é a própria maturidade que distingue o que pode (e deve) ser mudado e o que não tem jeito (nem porque) ser alterado”, destaca.

Planejadas ou imprevistas, o papel das mudanças é o de promover nossa evolução, destaca Eni Theodoro dos Santos (foto abaixo), docente do PPGA/Unimep. “Ninguém é mais o mesmo após uma mudança, sempre há uma experiência e por consequência um aprendizado”, afirma.

Viver apresenta uma contradição: sempre mudando e sempre conservando, não necessariamente nessa ordem, diz José Lima. Segundo ele, a conservação confere à mesmidade (que não se confunde com a mesmice) garantias desejáveis: o coração sempre batendo do mesmo jeito; a chuva enchendo os rios; o salário pago no dia combinado. Já a mudança viabiliza o potencial dos fatos e fenômenos. Semente vira árvore; flor vira fruto; aluno vira mestre e outros exemplos.

“Se a mudança positivamente indica auto-superação fica fácil seguir e agir no curso das circunstâncias e dos projetos. O complicado é quando não temos condições para distinguir nitidamente vantagens ou prejuízos decorrentes da mudança. Assim, arrisco citar três atitudes. Primeira: a gente deve se dar conta que não há sentido inerente nem no que está acontecendo nem no que a mudança propõe, impõe, remove e promove. Segundo: qualquer que seja o sentido que eu escolha-e-assuma (seja autônomo ou copiado) terei que responder a mim mesmo e à sociedade. Terceiro: o tempo anda pra frente e morrer é intransferível”, afirma o professor.

Para lidar bem com a mudança, seja qual for ela, bem como com vários outros processos, autoconhecimento é essencial, afirma Yeda. “É saber o que se quer; quais são seus princípios essenciais, qual é o seu propósito, porque existe, onde você quer chegar, pelo que é apaixonado. Você é o grande responsável pela sua vida”, afirma.

A docente conta que as pessoas são condicionadas a viver no inconsciente. Por isso, a importância de se conhecer e, a partir disso, ter a mente aberta e olhar com o coração.  “A consciência é algo fantástico que dá clareza. É a presença do seu eu mais profundo, é você conectada com você, para que possa emergir para o aqui e agora com a mente clara”, destaca ela.

Buscar um sentido positivo para a mudança, procurar vê-la sobre uma perspectiva mais racional e menos emocional e tirar proveito dela no que diz respeito ao aprendizado e oportunidade de autoavaliação são as dicas dadas pela docente Eni Santos para encarar bem as mudanças. Além disso, também há a fé de que dias melhores virão.

“A fé é capaz de nos sustentar durante crises ou mudanças é aquela que está alicerçada no Deus vivo. E que é alimentada todos os dias em forma de gratidão, oração e fraternidade. As pessoas que depositam sua fé na própria capacidade física, intelectual, financeira, de relacionamentos e de realizações passadas, com certeza, sucumbirão aos ventos fortes que cruzarem os seus caminhos”, afirma Eni.

Seja qual for a atitude que melhor se aplica a você é importante refletir sobre o pensamento do filósofo Heráclito, citado por José Lima: “não tomamos banho duas vezes no mesmo rio. E também o dístico do filme Sociedade dos Poetas Mortos: “Carpe Diem” (Colham o dia)”.

 

Texto: Angela Rodrigues
Fotos: banco de imagens/acervo pessoal
Ilustração: Laryssa Ventura
Coordenação e edição de texto: Celiana Perina
Última atualização: 05/01/2016

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