Arquiteto fala sobre desafios da profissão e mercado
Decidir pela opção mais próxima aos seus ideais e não pela que traz apenas retorno financeiro é uma das filosofias que Lucas Ricardo Cestaro, 36, graduado em arquitetura e urbanismo pela Unimep, adotou para a sua trajetória profissional. Ex-aluno, ele atua na área acadêmica e acumula experiências profissionais em vários outros segmentos. Formado em 2003, Cestaro já passou por escritórios, trabalhou nas prefeituras de duas cidades do interior e cursou mestrado pela Escola de Engenharia de São Carlos, USP. Ele também acabou de concluir o doutorado pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo, também da USP. Em entrevista à série Ouro da Casa, Cestaro fala sobre a profissão, desafios, mercado de trabalho, além de dar dicas aos profissionais recém-formados. Acompanhe os melhores trechos:
Acontece Unimep - Quais foram os principais aprendizados no campo profissional?
Lucas Ricardo Cestaro - No período em que atuei na prefeitura de Rio Claro aprendi que uma das atividades que o gestor público mais desempenha é a de gestão de pessoas, ou seja, resolve conflitos. As pessoas chegam na Secretaria de Planejamento e todos acham que a demanda deles é a mais importante do mundo. Isso me ensinou a filtrar o que é importante para a cidade. Procurei resolver os problemas e atender todas as demandas, de acordo com a legislação. Também em Limeira a experiência foi muito positiva. Lá tinha equipe com seis arquitetos, escala de trabalho maior e estrutura diferente, com quadro técnico muito bem qualificado, inclusive com colegas da Unimep.
Acontece Unimep - Quais foram os diferenciais que encontrou na Unimep como aluno?
Cestaro - A Unimep sempre foi um ambiente com muito humanismo, de muito acolhimento humano. Apesar das mudanças que ocorreram ao longo desses quase 12 anos desde que me formei, ainda é um ambiente que preza o ser humano acima de tudo, considera o relacionamento humano importante e valoriza a construção social coletiva.
Acontece Unimep - Por que escolheu a arquitetura?
Cestaro - Falo isso para os meus alunos: ninguém vira arquiteto, já se nasce arquiteto. Ainda mais por ser uma área que envolve arte, creio que já se nasce com aptidão e o ensino superior aprimora. Desde criança, gostava muito de desenhar e visitar lugares, canteiros de obra e ver como as construções eram feitas. Quando comecei a estudar, surgiu o interesse pela visão da cidade, olhar para a cidade como um todo, entender as diferenças, os percursos possíveis, entender a cidade como laboratório de ideias, de efervescência de produção cultural.
Acontece - Por que escolheu estudar na Unimep?
Cestaro - O objetivo principal era ir para uma universidade pública, mas a minha mãe tinha feito pedagogia na Unimep e sempre gostou, falou bem e me incentivava. Confesso que quando entrei na Unimep estava um pouco contrariado. Mas encontrei os laboratórios, os convênios com outras instituições e depois, quando cheguei em São Carlos para fazer o mestrado, vi o respeito que a Unimep possui dentre as universidades públicas, que é grande. Lembro que, no 1º dia de aula, os amigos que conheci falaram que o curso era apaixonante e realmente foi isso o que aconteceu. A cada semestre, você se apaixona mais pelo curso, é uma vivência muito prática.
Acontece Unimep - Como vê o mercado de trabalho hoje?
Cestaro - Em vista de quando ingressei e me formei, está muito mais dinâmico. Hoje, há mais possibilidades. Por exemplo: trabalhar com planejamento urbano deixou de ser possível só dentro do poder público. Há várias frentes que favorecem o trabalho do planejador urbano. Além disso, há pesquisa com novos materiais. Embora não atue nesse campo, vejo que o crescimento nessa área é grande, estamos num polo ceramista e esse segmento emprega arquitetos. Vejo que há avanços.
Acontece - Pode citar três dicas para os profissionais recém-formados?
Cestaro - A primeira é: nunca perca o foco, mesmo que as coisas nem sempre saiam como quer. Se você tem um objetivo, não abra mão dele. A segunda dica é: nunca ache que está tudo pronto, então, nunca pare de estudar, seja para projetar um mobiliário urbano novo, para projetar um ambiente de residência, para pensar novas formas de ocupação do território ou políticas inovadoras para um plano diretor. E, em terceiro, acho importante se colocar no lugar do outro. Às vezes, a relação com o cliente pode ser conflituosa, e nesse caso, cabe entender que o cliente não teve a mesma formação que nós. Ou, o contrário, às vezes ele teve a formação e acha que sabe tudo. De qualquer forma, acho que cabe a nós também esse papel como educador, no sentido de se colocar no lugar do outro e ver qual é a melhor forma de agir.
Texto: Angela Rodrigues
Fotos: Stefanie Araujo
Edição e Coordenação: Celiana Perina
Última atualização: 01/04/2016