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Atendimento odontológico a índios também transforma vidas de alunos

por Universidade Metodista de Piracicaba — publicado 08/06/2015 11h03, última modificação 26/04/2016 15h52

Mudar paradigmas dentre os aproximadamente 30 mil indígenas de 13 aldeias localizadas no Mato Grosso do Sul, ao longo de 22 anos, está dentre as principais conquistas do Projeto  Campestre, desenvolvido por docentes e alunos da Faculdade de Odontologia da Unimep. “Os índios vinham para os atendimentos e muitos deles falavam e queriam “derrubar” o dente, que significa extrair.

No entanto, conseguimos mudar esse paradigma, resultado da falta de atendimento, para aplicar procedimentos, que vão desde restaurações até canais ou outros procedimentos, que evitem ao máximo a extração”. A história foi contada por Nicácio Garcia Hernandes, docente do curso de odontologia e coordenador do projeto desde a primeira edição. No total, ele participou de aproximadamente 150 missões, somadas todas as iniciativas. Desenvolvidas desde 1993, há exatos 22 anos, o Projeto Campestre reúne alunos e docentes da Faculdade de Odontologia como voluntários para realizar atendimentos e procedimentos odontológicos em aldeias e comunidades indígenas localizadas no interior do Mato Grosso do Sul. As edições são semestrais e contam com cerca de 30 alunos, além de docentes e funcionários.

HUMANIDADE

Voluntário, Bruno Mendes Aguiar, 26, aluno do 7º semestre de odontologia, esteve nas expedições promovidas em setembro de 2014, em Antônio João (MS) e em março desse ano, em Dourados (MS). “Devido à ausência de profissionais nessas aldeias, atuamos por uma semana com procedimentos de endodontia, periodontia, prótese e exodontia, juntamente com a promoção e educação em saúde bucal”, afirma ele. O universitário conta que o esquecimento dessas comunidades não apenas na área da saúde, mas de forma geral, é algo que choca. “O que marcou muito foi atender as crianças. Presenciei muitas que chegavam com dores de dente, que não eram recentes, e percebi que elas conviviam com isso sem ter a quem recorrer”, conta o estudante.

Nawar Ahmad Fathi, também aluno do 7º semestre, participou do projeto em Dourados. Ele conta ter ficado impressionado com a vida simples das populações indígenas e com o fato de, apesar de não receberem atendimento odontológico frequente, não terem receio de serem atendidas, principalmente as crianças. “Além dos atendimentos levamos carinho, atenção e amor. Essa experiência me ajudou muito profissionalmente, abriu horizontes e aprendi técnicas diferentes”, conta ele.

Nayara Oliveira da Silva, 22 anos, aluna do 9º semestre, acrescenta que os procedimentos ocorrem com todos os cuidados necessários, como esterilização das matérias até a higiene do lugar. “Tudo é feito com muito cuidado, dedicação e amor”, conta ela, que esteve em três edições: maio e setembro de 2014 e março desse ano, em comunidades em Antônio João e Dourados. “As sensações são diferentes e incríveis. Na última, atendi Karine, de oito anos, e durante o atendimento, um funcionário da FOL entrou e perguntou se todos tinham almoçado. Respondi que sim e perguntei se ela tinha, e para minha surpresa ela respondeu “Não, na minha casa não tem comida. Hoje a escola está sem água e para fazer arroz, precisa de água”. Sem dúvida, eles possuem histórias de vida muito diferentes. Não podemos mudar a realidade deles, mas vamos até lá para fazer o que está ao nosso alcance da melhor forma”, conta ela.

PROFISSIONAL

Além da formação cidadã, as experiências vividas com o projeto fornecem principalmente práticas que enriquecem a formação profissional. “Trabalhar em meio a tantas adversidades me fez ter mais segurança e seriedade no atendimento. Cada paciente é algo novo, e sair da zona de conforto nos instiga a melhorar, não só por nós, mas para levar o melhor para restabelecer o bem estar dessas pessoas”, afirma Aguiar. Ele acrescenta que participar do projeto faz diferença também no sentido pessoal. “Vivenciar um universo de sentimentos, histórias tristes e engraçadas, momentos que emocionam me faz reafirmar a paixão e comprometimento com a profissão”, destaca.

Nayara Silva acrescenta que a bagagem profissional é imensa. “Cada missão é um aprendizado diferente e conhecimento novo. Tenho muito orgulho de ter ajudado de alguma maneira essa comunidade tão necessitada”, afirma a universitária.


Texto: Angela Rodrigues
Fotos: Fábio Mendes
Coordenação/edição de texto: Celiana Perina
Última atualização: 08/06/2015

 

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