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Com artigos inéditos, professora de história apresenta cartas de Mário de Andrade

por ceperina — publicado 26/10/2017 00h00, última modificação 30/10/2017 10h53 expirado
Com dois artigos inéditos, a coordenadora do curso de história da Unimep, Virginia Camilotti, é uma das autoras da Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo.

Com dois artigos inéditos, o primeiro sobre o processo de edição das cartas entre os intelectuais Paulo Barreto e João de Barros, e, o segundo, em que apresenta duas cartas escritas por Mário de Andrade, preservadas no acervo João Chiarini, a coordenadora do curso de história da Unimep, profª Virginia Camilotti, é uma das autoras da Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP (Universidade de São Paulo). A publicação pode ser acessada no portal https://www.revistas.usp.br/rieb

Ambos os artigos são inéditos e foram desenvolvidos especialmente para a edição 67 da revista, que é quadrimestral.

DE JOÃO A JOÃO

O primeiro artigo, intitulado Correspondência de Paulo Barreto a João de Barros (1909-1921): edição crítica e anotada, foi produzido em parceria com Claudia Poncioni, docente da Universidade Paris 3 – Sorbonne Nouvelle, em Paris. Nele, as autoras analisam o processo de edição das cartas enviadas pelo jornalista Paulo Barreto (João do Rio) ao poeta português João de Barros nas duas primeiras décadas do século 20. A temática compõe um dos dossiês constitutivos desta edição da revista do IEB intitulada “Artífices da Correspondência”.

No artigo, a coordenadora detalha a realização de algumas das etapas mais significativas do projeto de análise das cartas: a transcrição das correspondências efetuada na Biblioteca Nacional de Portugal; a datação das cartas - localização temporal, “já que das 66 cartas, apenas nove se encontravam datadas”; anotação (identificação, descrição, contextualização) de todos os personagens (políticos, intelectuais e artistas) mencionados na correspondência, dos lugares (topônimos), instituições, periódicos e obras, dentre outros, “ou seja, constituição de mais de 1.000 notas identificatórias e descritivas”.   

Para a coordenadora, as etapas mais desafiadoras do processo foram a datação das correspondências e a identificação de personagens e instituições mencionadas, efetuadas como “tarefa imprescindível para a instrução e interpretação e análise da correspondência”, afirma ela, que pela primeira vez participa como autora dessa publicação.

CARTAS DO POETA ANDRADE

Na mesma edição da Revista do IEB, Virginia também assina o artigo “necessariamente ‘musicada’”, que compõe dossiê específico de cartas inéditas de Mário de Andrade. Nesse texto, Virginia apresenta duas cartas, enviadas em 1945, pelo poeta Mário de Andrade ao folclorista João Chiarini (1919-1988), fundador do Centro do Folclore de Piracicaba.

Virginia conta que foi convidada a escrever o artigo por Marcos de Moraes, estudioso da correspondência de Mário de Andrade, e afirma que é a primeira vez que essas duas cartas vêm a público.

No artigo, ela apresenta o conteúdo de ambas as correspondências. Na primeira, Andrade questiona Chiarini sobre a utilização do termo “canturiões” no programa de uma festa de cururu, e, na seguinte, oferece ao folclorista auxílio para ler e controlar nomenclaturas a serem utilizadas por ele em um livro. “O trecho é exemplar do método que Mário desenvolveu para se constituir intelectual especialista da chamada cultura brasileira. De um lado, indagava e tomava àqueles, como Chiarini, estreitamente próximos das manifestações culturais que lhe interessavam, os seus precisos contornos; de outro, instruía, revisava e, sobretudo, controlava as formulações dos mesmos, quando se aventuram na sistematização e decifração das formas e nas genealogias destas manifestações”, afirma.

 

As cartas de Andrade estão no acervo do folclorista João Chiarini, sob guarda da equipe do Centro Cultural Martha Watts. Além das correspondências, o acervo também reúne imagens; documentos do Centro de Folclore de Piracicaba; livros e o registros reunidos por Chiarini ao longo de sua vida. Em 1996, o acervo passou à guarda da Unimep e, em 2003, foi integrado ao Espaço Memória Piracicabana, no Centro Cultural Martha Watts, onde é preservado e permanece disponível para consulta e pesquisa.

Virginia conta que prepara projeto que prevê a análise da correspondência de importantes intelectuais brasileiros, voltados ao trabalho de preservação do patrimônio cultural brasileiro, que se correspondiam com João Chiarini, tais como: Antonio Candido, Roger Bastide, Oneyda Alvarenga, Hernani da Silva Bruno e José Oswald Antônio de Andrade.


Texto:
Angela Rodrigues
Edição e coordenação: Celiana Perina
Fotos: banco de imagens
Última atualização: 2
6.10.2017