Você está aqui: Página Inicial / Notícias / Coordenadora do curso de enfermagem fala sobre cuidados contra a Covid-19 para profissionais da saúde

Coordenadora do curso de enfermagem fala sobre cuidados contra a Covid-19 para profissionais da saúde

por serjey.martins1 publicado 28/07/2021 05h00, última modificação 09/10/2021 00h37

A pandemia de Covid-19 é uma difícil realidade que o mundo encara desde o começo do ano de 2020. Nossos hábitos e costumes tiveram que ser adaptados para diminuir o contágio do vírus e proteger aqueles que amamos ou mesmo nem conhecemos. Dentre as pessoas mais afetadas pelo risco de contágio, estão os profissionais da saúde, que lidam diretamente com os infectados ou, ainda, trabalham em ambientes com alto risco de contaminação. Para ajudar a esses profissionais e trazer mais informações para a comunidade acadêmica e externa, entrevistamos a coordenadora do curso de enfermagem da Unimep, professora Maristela Lima (foto), 29 anos. A seguir, você confere os melhores trechos da entrevista:

 Unimep - O estresse durante o trabalho, principalmente no cenário atual, impacta diretamente médicos e enfermeiros. Esse estresse pode deixá-los mais vulneráveis ao coronavírus? E como esses profissionais podem administrar melhor o estresse durante os plantões?

Maristela Lima - Os profissionais de saúde são particularmente susceptíveis a infecção. No Brasil, bem como em outros países, milhares de profissionais de saúde foram afastados das atividades profissionais por terem adquirido a COVID-19 e muitos morreram. Os dados das equipes de profissionais de saúde na linha de frente de atendimento de casos de COVID-19 mostram exaustão física e mental, dificuldades na tomada de decisão e ansiedade pela dor de perder pacientes e colegas, além do risco de infecção e a possibilidade de transmitir para familiares. Assim, garantir assistência médica para os profissionais de saúde e apoio psicológico são fundamentais. Da mesma forma, realizar testes diagnósticos nos sintomáticos com rapidez.

De acordo com Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde brasileiro, até o dia 4 de julho 173.440 casos de Síndrome Gripal (SG) foram confirmados para a Covid-19 em profissionais da área da saúde de todo o país. As profissões com maior registro de casos foram as de técnicos ou auxiliares de enfermagem (59.635), seguidas pelas de enfermeiros (25.718) e médicos (19.037). Esses profissionais, além de apresentarem maior risco de infecção pelo novo vírus, estão expostos à possibilidade de que faltem equipamentos de proteção individual, ventiladores mecânicos, insumos hospitalares, além de precisarem decidir, por vezes, quais pacientes terão direito a determinadas tecnologias assistivas. Portanto, neste momento de crise, os gestores de instituições de saúde, alinhados com os níveis governamentais, devem pensar atitudes que ao menos minimizem o desgaste psicossocial dos profissionais de saúde.

Podem-se organizar plantões de atendimento psicológico nas instituições hospitalares, disponibilização de material online sobre redução de ansiedade, medo e desespero em momentos de crise, treinamentos constantes para intensificar a segurança na prestação da assistência, contratação emergencial de mais profissionais para diminuição de sobrecarga laboral e garantia de equipamentos de proteção individual

Unimep - Quais os principais cuidados que os profissionais da saúde precisam se atentar para evitar a contaminação, mesmo depois de imunizados?

Maristela Lima - Em geral, os EPIs (equipamentos de proteção individual) que devem ser disponibilizados pelos serviços e utilizados pelos profissionais de saúde responsáveis pelo atendimento de casos suspeitos ou confirmados de COVID-19. Eles são: 1) gorro; 2) óculos de proteção ou protetor facial; 3) máscara); 4) avental impermeável de mangas compridas; 5) luvas de procedimento. Com relação ao tipo de máscara, para procedimentos geradores de gotículas, utilizar a máscara cirúrgica e utilizar as de proteção respiratória (respirador particulado) com eficácia mínima na filtração de 95% de partículas de até 0,3µ (tipo N95, N99, N100, PFF2 ou PFF3) sempre que realizar procedimentos geradores de aerossóis como por exemplo, intubação ou aspiração traqueal, ventilação não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, ventilação manual antes da intubação, indução de escarro, coletas de amostras nasotraqueais e broncoscopias.

 

Unimep- É verdade que a vacinação não garante imunidade total ao coronavírus?

Maristela Lima - No caso do Covid-19, as vacinas demoram cerca de duas semanas após a segunda dose para surtir efeito. Caso o indivíduo entre em contato com o agente infeccioso, é possível que ele seja infectado. A eficácia da vacina é traduzida como a capacidade do imunizante em conferir proteção imunológica a um determinado agente. As duas principais vacinas a serem utilizadas são a CoronaVac e a Oxford-Astrazeneca.

A CoronaVac foi criada por meio de uma tecnologia molecular já muito utilizada em outros imunizantes. Assim como nas vacinas da gripe, poliomielite, hepatite e da meningite, ela é composta por vírus inativado, o “vírus morto”. As partes do novo coronavírus presentes na vacina são apenas aquelas que permitem o reconhecimento do vírus pelo nosso sistema imune e não pela sua parte responsável por causar a doença. Sendo assim, a produção do imunizante consiste em inativar o coronavírus, de maneira que fique incapaz de se multiplicar e transmitir a doença, pois torna-se incapaz de infectar as células humanas. Assim que a vacina for aplicada, células de defesa do nosso organismo encontram e respondem a essas partes do coronavírus, dando início à produção de anticorpos. No entanto, esse processo demanda um certo tempo até que o organismo fique protegido contra o coronavírus.

Além disso, outro aspecto fundamental é a necessidade da dose de reforço, que ajusta a quantidade de anticorpos àquela necessária para uma resposta eficiente contra uma possível infecção contra o coronavírus. Por isso, o esquema de vacinação é composto por duas doses do mesmo laboratório, com intervalo entre 2 e 4 semanas entre as aplicações. Esta vacina está indicada somente às pessoas a partir de 18 anos e, após a aplicação de cada uma das doses da vacina deve-se evitar a doação de sangue por 2 dias (48 horas).

A segunda vacina é a britânica Oxford-Astrazeneca, que utiliza uma tecnologia biomolecular baseada no chamado “vetor viral”, que consiste na utilização de um vírus modificado para estimular o sistema imunológico na produção de anticorpos contra o novo coronavírus. Na fabricação da vacina, uma espécie de vírus enfraquecido (adenovírus ChAdOx1), conhecido por causar gripe comum em chimpanzés, após ser modificado para não se multiplicar, carrega parte do material genético do SARS-CoV-2, responsável pela produção de uma proteína (“Spike”) que auxilia o vírus da COVID-19 a invadir as células humanas. Assim, após a vacinação, o adenovírus começa a produzir essa proteína Spike, ensinando o sistema imunológico humano que toda partícula com essa proteína deve ser destruída. Assim, após a imunização adequada (2 doses do mesmo fabricante e com intervalo de 12 semanas entre as aplicações) o sistema imune do nosso organismo torna-se capaz de reconhecer e atacar rapidamente o coronavírus, caso seja infectado. Esta vacina está indicada somente às pessoas a partir de 18 anos e, após a aplicação de cada uma das doses da vacina deve-se evitar a doação de sangue por 7 dias.

Mas é preciso atenção: mesmo com o esquema vacinal completo (2 doses) contra o coronavírus, seja qual for a vacina, deve-se manter os cuidados referentes à prevenção da doença.

Texto: Assessoria de Comunicação Unimep
Fotos: acervo pessoal professora Maristela Lima / capa: Unsplash
Última atualização: 14.06.2021

registrado em: