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Em busca de conhecimento, alunos com mais de 50 voltam à sala de aula

por Universidade Metodista de Piracicaba — publicado 27/07/2012 07h46, última modificação 26/04/2016 15h48

Para realizar um sonho antigo: o de aproximar-se do universo da fotografia, é que Mário Luz (foto ao lado), 60, frequenta desde março, as aulas do curso de graduação tecnológica em fotografia da Unimep. Além de realizar o objetivo, ele, de quebra, ampliou o círculo de amigos e idealiza novas perspectivas profissionais. Por sua vez, Artidônio Rodrigues da Silva (foto abaixo), 60, aluno de história, sonha em, após a graduação, em 2015, contribuir voluntariamente com a educação de crianças e jovens. 

E finalmente, a paixão por estudar, ler e escrever levou Luis Antonio Pereira Silva, 58, a ingressar em filosofia. Já graduado em administração e direito, Pereira Silva vislumbrou na terceira graduação, a oportunidade de buscar respostas para indagações pessoais e reflexões. 

Os três alunos têm algo em comum: estão entre os 96 universitários de graduação da Unimep, que ingressaram ou retornaram aos bancos universitários na maturidade em busca de novos conhecimentos, realização de sonhos antigos e possivelmente, novos campos de atuação, voluntários ou não. E não estão sozinhos, são acompanhados por outros 114 universitários, também acima dos 50 anos, alunos da pós-graduação.

As trajetórias destes universitários estão de acordo com uma tendência no país, resultado do aumento da expectativa de vida da população. Segundo o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o segmento de pessoas com 65 anos ou mais representa 7,4% da população nacional. Para se ter uma ideia, no ano de 1991, a porcentagem de pessoas dessa faixa etária era de 4,8%. 

“Ministro aulas no campus Taquaral desde 2005, e observo a cada ano, o aumento do número de alunos mais experientes em diversos cursos, incluindo nutrição. Já tivemos vários alunos experientes, acima de 50 e 60 anos, que após a graduação, vão atuar na área. Para muitos, a vocação profissional que ao longo da vida não pôde ser realizada, é retomada na fase em que os filhos já cresceram. O objetivo é a realização profissional, mas há também um outro viés: a vontade de estudar”, destaca a docente Miriam Coelho, coordenadora do curso de graduação tecnológica em gastronomia e do curso de cuidador de idosos do Nutricentro da Unimep.

Já a coordenadora da Universidade Aberta à Terceira Idade da instituição, Sílvia Maria Morales Pereira, destaca que são vários os fatores que contribuem para a retomada aos estudos. “Há a questão da carência de experiência dos novos profissionais, que têm o conhecimento muito bem formalizado, mas não têm a prática. Mas por outro lado, também é um sonho e uma oportunidade de renovar os conhecimentos, aprender novos conceitos e até ratificar fatos que o docente ensina na sala de aula, que podem ter sido vivenciados por eles”, afirma ela.

OPORTUNIDADE

Na Unimep, o ingresso de alunos acima de 50 anos é incentivado pelo programa Conhecimento na Maturidade. Nele, alunos com idade entre 55 e 60 anos, contam com um desconto de 60% nos cursos de graduação. Já os acima dos 61 anos, recebem 75% de desconto. O programa é uma das duas modalidades que compõem a Universidade Aberta à Terceira Idade. Não há um consenso em relação à idade que determina alguém ser da terceira idade. Para a legislação brasileira, fazem parte desse grupo, pessoas acima de 60 anos; para a geriatria, os acima dos 75 anos é que pertencem ao segmento. Na Unimep, os benefícios podem ser alcançados a partir dos 55 anos. 

RECOMPENSA 

Apesar de escassez de horas de descanso, falta de tempo para organizar assuntos particulares e ter de conciliar aulas e trabalho, para os três alunos, a opinião é unânime: o esforço vale a pena. “Independente da idade, todos os que estudam à noite estão na mesma situação, de ter de abrir mão de alguma coisa, dormir mais tarde, estudar nos fins de semana, é só uma questão de adaptação. Só o fato de você ter novas experiências, conhecer pessoas novas, ter novos contatos, enriquece”, conta Pereira Silva. A expectativa da convivência com colegas mais jovens também foi driblado. 

“No começo, estava temeroso, porque achava que poderia ter problemas de relacionamento com os mais jovens, apesar de ser extrovertido. Fui recebido muito bem, eles me tratam como colega mesmo, não como um tio. Fiquei muito contente com a receptividade deles e dos professores”, conta Mário Luz, que é figurinha fácil nas fotos de redes sociais dos colegas. Também para Artidônio Silva, a experiência é enriquecedora: “voltar a estudar foi extremamente prazeroso, são momentos únicos. Já tenho a vida profissional encaminhada, meu objetivo é poder contribuir com a construção do cidadão, a partir da educação”, afirma ele, que já é avô. 

PREFERÊNCIAS 

A área preferida dos graduandos da Unimep acima dos 50 anos é direito. Dos 96 alunos dessa faixa, 39 optaram por essa graduação. Já os cursos da Faculdade de Ciências Humanas estão em segundo lugar, escolha de 29 dos alunos. Na terceira posição, está a Faculdade de Gestão e Negócios, com cursos optados por 10 universitários acima de 50 anos. 
  

Texto: Angela Rodrigues
Fotos: Fábio Mendes
Edição/jornalista responsável: Celiana Perina
Última atualização: 27/07/2012

 

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