Enfermagem da Unimep em Londres: universitária apresenta pesquisa em congresso internacional
A cidade de Londres, na Inglaterra, é considerada o berço da enfermagem moderna. O motivo é porque no ano de 1860, a enfermeira Florence Nightingale - após ter sido reconhecida pelo governo inglês pelo atendimento a soldados na Guerra da Crimeia (1853 - 1856) - fundou na cidade a primeira escola de enfermagem do mundo. É para lá que a aluna do 8º semestre de enfermagem da Unimep, Izabela Biagioni, viaja na próxima segunda-feira (25) para visitar as raízes de seu curso. No dia 2 de outubro, Izabela apresenta a pesquisa que ajudou a desenvolver no 34º congresso internacional organizado pela International Society for Quality in Health Care (ISQua) e The Health Foundation. O evento ocorre entre os dias 1 e 4 de outubro e traz o tema: aprendendo de maneira sistemática a aprimorar a qualidade e segurança do atendimento.
A pesquisa, desenvolvida no Hospital Estadual de Sumaré, local em que Izabela trabalha como técnica de enfermagem, traz como título “Implementação de Estratégias Não-Farmacológicas para Realizar Tomografias em Crianças”. Todas as pessoas envolvidas com a pesquisa trabalham no hospital. Nessa equipe, estão: Ana Cláudia Godoy, enfermeira da educação permanente, e Maria Rocha Pelanda, supervisora de enfermagem do Ambulatório e Imagenologia. A responsável por orientar o projeto foi Renata Gasparino, professora da Faculdade de Enfermagem (FEnf) da Unicamp. A gerente de educação permanente, Ana Cláudia, é quem irá acompanhar Izabela na viagem.
“Essa conquista é resultado do estímulo à pesquisa que o curso oferece aos alunos. Para a Izabela, apresentar um trabalho nesse congresso traz reconhecimento aos seus estudos, além de oferecer o aprofundamento que vai além da sala de aula. Será uma experiência inesquecível que também fará muita diferença em sua vida acadêmica e profissional”, afirma a professora Tereza Horibe, coordenadora do curso de enfermagem da Unimep.
O Acontece Unimep conversou com a universitária para saber mais sobre a pesquisa e sobre a sua participação no congresso. Confira:
Acontece Unimep - Quais são os principais objetivos da pesquisa?
Izabela Biagioni – O projeto veio da necessidade de adaptar o procedimento da tomografia infantil no hospital por conta de mudança implementada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O objetivo da pesquisa foi relatar a estratégia usada para lidar com essa mudança: aplicar procedimentos não-farmacológicos para viabilizar as tomografias sem o uso de sedativos. É que o hospital realizava tomografias em crianças desde 2010, mas em todos os casos era preciso aplicar sedativos (para a tomografia a pessoa precisa ficar imóvel por um período de tempo). No nosso caso, a gente aplicava o hidrato de cloral (droga sedativa sem efeitos analgésicos). Só que, em junho de 2015, a Anvisa proibiu a importação da matéria-prima utilizada para fabricar esse sedativo. Como usar outros sedativos ia ficar muito mais caro para o hospital, foi preciso repensar a tomografia infantil. Agora, ao invés de sedarmos as crianças nós dedicamos tempo com práticas lúdicas e de vivência junto aos acompanhantes. Isso relaxa, naturalmente, os pacientes.
Acontece Unimep - Você foi a única aluna envolvida nesse projeto. Como ingressou na pesquisa?
Izabela – Me envolvi graças à Mostra Acadêmica. Em novembro, eu apresentei dois trabalhos de extensão e a pesquisa da iniciação científica. Um dos projetos de extensão - o que eu desenvolvi no Projeto Rondon - ficou em 1º lugar no prêmio Dr. Elias Boaventura de Educação. Quando postei a foto do prêmio, a Ana Cláudia e a Maria viram. Em dezembro, a Ana me ofereceu a oportunidade de participar da pesquisa. Na época, ela e as outras integrantes já tinham recolhido muitos - muitos! - dados e precisavam de alguém para organizar tudo e redigir o texto. Para fazer isso, também procurei entender melhor, na prática, o procedimento da tomografia infantil. Como os resultados foram bem positivos, decidimos inscrever essa pesquisa no congresso.
Acontece Unimep - Quais os principais resultados obtidos pela equipe?
Izabela – O mais importante é destacar o avanço no tratamento humanizado e na segurança das crianças. Isso porque nós substituímos um procedimento considerado muito invasivo (os sedativos eram aplicados via oral, intravenosa ou retal). Além disso, só em relação ao uso de sedativos, reduzimos 78%. Ou seja, agora, apenas 22% dos casos - considerados os mais graves - precisam de sedação. Como é alternativa que tira a necessidade de usar as substâncias e prioriza a vivência do paciente, também reduz custos, otimiza o tempo do próprio anestesista e melhora o entrosamento da equipe. Qualquer hospital que implementar essa estratégia só tem a ganhar.
Acontece Unimep – Como a participação no congresso irá contribuir para a pesquisa?
Izabela – Nosso projeto foi um dos dois da Unicamp aprovados para serem apresentados nesse congresso. Ao todo, 50 projetos competiram. Só o fato de ser selecionado para apresentação nesse evento já traz reconhecimento ao trabalho. Além disso, teremos oportunidade de entrar em contato com muitos pesquisadores e acadêmicos. Aumentar o nosso networking vai, consequentemente, facilitar a divulgação da pesquisa e dos resultados alcançados.
Acontece Unimep – Quais são as próximas etapas da pesquisa?
Izabela – Divulgar aos quatro ventos (risos). Nossa expectativa é que mais hospitais adotem essa estratégia, o que vai beneficiar muitas crianças. Para isso, a gente precisa divulgar essa pesquisa em todos os canais possíveis. Congressos, periódicos, portais, tudo conta. E tudo vai nos ajudar a atingir essa expectativa.
Entrevista e texto: Pedro Spadoni
Edição e coordenação: Celiana Perina
Fotos: acervo pessoal
Última atualização: 22/09/2017