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Relação entre imprensa e direitos humanos é tema de live que acontece nesta segunda-feira, dia 1º

por Angela Rodrigues publicado 01/06/2020 05h00, última modificação 02/06/2020 09h55

As crianças Ágatha Vitória Sales Félix,8, e João Pedro Mattos Pinto, 14, são vítimas recentes de uma guerra civil sangrenta e cotidiana que mata milhares de brasileiros de raças, gêneros e posições sociais desfavorecidas. Nos EUA, o assassinato de George Floyd, homem negro, durante uma abordagem policial gerou protestos e revolta em muitas partes do país. Os direitos humanos, regras que serviriam para evitar essas tragédias, são reiteradamente menosprezados ou até mesmo vistos como leis que favorecem bandidos.

Para debater a atuação da imprensa no país e sua relação com os diretos humanos, o curso de jornalismo da Unimep realiza nesta segunda-feira, dia 1 (Dia Nacional da Imprensa), às 19h30, a live Imprensa e Direitos Humanos no Brasil. O evento, gratuito e aberto, será transmitido ao vivo nas páginas do Facebook @jornalismounimep e @professorbotao

Participam do debate Paulo Roberto Botão, coordenador do curso de jornalismo, Belarmino César Guimarães da Costa, professor do curso de jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unimep, Adelino Oliveira, professor do Instituto Federal de São Paulo - campus Piracicaba, e Jaqueline Altomani da Silva, jornalista e mestra em Educação pela Unimep.

Desafios e ações necessárias da imprensa

Acabar com o discurso da neutralidade é a primeira ação que a imprensa precisa tomar, segundo a jornalista Jaqueline A. da Silva, 23: “Precisamos desvelar esse mito porque ele impede que a gente reveja a condição de vida das pessoas. A imprensa precisa ser antirracista e garantir a equidade de gênero. Como instituição no Brasil, ela precisa se rever como um todo. Uma imprensa que escreve que o João Pedro morreu durante uma ação policial, ao invés de escrever que ele foi assassinado pela polícia militar, deve muito aos direitos humanos”.

Jaqueline afirma que os veículos precisam entender que a informação não é mercadoria: “não podemos mercantilizar as coisas de interesse comum como o direito a ter acesso à informação, a comunicação. Quanto mais negligenciamos o saber e os diversos pontos de vista, mais contribuímos para uma sociedade desigual. Visto que hoje quem tem mais poder é quem sabe mais, tem mais informação e mais acesso a ela”.

Dar transparência para as informações e democratizar experiências periféricas é outro ponto fundamental, diz o professor Belarmino Costa, 58: “diante do contexto polarizado desde as últimas eleições, quando as redes sociais foram utilizadas para a circulação de fake news, cabe criar uma cultura de checagem e de esclarecimento com relação à desinformação. Um direito fundamental à condição humana na sociedade mediada por tecnologias é o acesso à informação, daí também pensar em democracia com a existência de experiências alternativas, periféricas, que utilizam os novos aparatos para produzir conteúdo identitário, diverso, múltiplo, como se expressa nas culturas brasileiras”.

“Diante do histórico déficit de direitos à educação, à saúde e ao saneamento básico, dentre outras mazelas no país, é preciso deslocar o olhar para as camadas da população mais pobre e produzir conteúdos jornalísticos de investigação, de denúncia e de visibilidade para circunstâncias desumanizadoras. A contribuição da imprensa é desmontar a cultura da indiferença. Para tanto, é necessário dar visibilidade para temas relacionados aos direitos humanos, não pela dimensão factual e sensacionalista, mas com a perspectiva de estimular produções jornalísticas que estimulem o debate, a verificação e a investigação”, afirma Belarmino.

Estudo acadêmico na formação de jornalistas humanizados

O professor Belarmino ainda comentou sobre o papel do estudo acadêmico sobre a formação de jornalistas preparados para lidar com esse cenário: “meu trabalho de pesquisador e de docente tem se voltado para estudos estéticos e de linguagem sobre a mediação tecnológica e os efeitos que produz, a partir da publicidade, do jornalismo e das produções audiovisuais nas esferas da sensibilidade e da inteligibilidade. Significa estimular a observação da forma e não apenas do conteúdo das produções midiáticas. O exercício de observação dos elementos estéticos tem papel educativo: identificar a desumanização aparentemente onde ela não está entranhada. A violência aos direitos humanos com relação às minorias sociais nem sempre é percebida na forma como o construto noticioso é produzido pela repetição, angulação, ritmo da imagem e som, definição de fonte, enfim, que tende a naturalizar a condição de exclusão, e não propriamente ser um elemento crítico de verificação de desigualdade estruturante. Na formação do jornalista, a educação dos sentidos é uma condição para aliar informação/conhecimento com humanização”, finaliza o professor.

 

ANOTE - Live "Imprensa e Direitos Humanos no Brasil". Transmissão ao vivo no dia 1º de junho, segunda-feira, a partir das 19h30, nas páginas @jornalismounimep ( https://www.facebook.com/Jornalismo-Unimep-338131593437113/ ) e @professorbotao ( https://www.facebook.com/professorbotao/ )

 

Texto: Serjey Martins
Fotos: acervo Unimep e acervo pessoal
Última atualização: 31/05/2020