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Saiba como se proteger de raios em locais fechados e externos

por Universidade Metodista de Piracicaba — publicado 11/01/2016 09h07, última modificação 26/04/2016 15h53

Aproximadamente 57,8 milhões de raios atingem o Brasil por ano, de acordo com as estatísticas do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O dado coloca o país na primeira posição do ranking mundial de incidência de raios, dentre os países que estudam o assunto.

No Brasil, o Estado mais atingido é o Amazonas, com 11 milhões de raios por ano, seguido pelo Pará com 7,8 milhões e Mato Grosso, com 6,81 milhões. Também segundo o Elat/Inpe, no ano de 2014, São Paulo liderou a relação de municípios com mais vítimas fatais, com 17 mortes, das 98 ocorridas por raios no país.

Para se proteger contra os raios e também saber o que é possível ou não fazer ao ser surpreendido por tempestades e chuvas repentinas, a equipe do Acontece Unimep entrevistou a professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da universidade, Maria Guiomar C. Tommasiello (foto abaixo). Magui, como é conhecida, é graduada em física pela UFScar, mestre em energia nuclear, especialista em educação ambiental e doutora em tecnologia nuclear pela USP. Confira:
 

Acontece Unimep – Dados do Elat/Inpe apontam que, entre os anos de 2000 a 2014, a cidade de São Paulo é a recordista em número de mortes por raios no país. Há razões que podem justificar esse número e quais são elas?

Magui – Os especialistas atribuem a alta incidência de raios em São Paulo às grandes alterações no ambiente, desmatamento, poluição, que provocam mudanças no clima e na temperatura. Em São Paulo temos ilhas de calor proporcionadas pelos centros urbanos de grande extensão territorial. Há indícios, ainda não devidamente comprovados, que o aumento da temperatura corresponde a um aumento do número de raios: cada grau de aumento da temperatura global pode corresponder a 10 ou 20% de aumento no número médio de raios.

O Brasil é o país de maior incidência de raios do mundo, pela sua condição de país tropical e pela sua grande extensão. A costa brasileira contribui para que haja muita alteração climática, aumentando as tempestades. Os fenômenos La Niña e El Niño também favorecem a incidência de raios em certas regiões do Brasil.
 

Acontece Unimep – Nos grandes centros urbanos, quais são os lugares mais propícios aos raios?

Magui – Lugares descampados, planos e abertos são os mais perigosos durante tempestades, ou pouco antes dela, pois ali você será o ponto mais alto do chão e de maior facilidade para a descarga chegar ao solo. Lembre-se que a descarga sempre virá pelo caminho mais curto entre a nuvem e o solo. Evite fazer o papel de para-raios. Não fique embaixo de construção metálica que não esteja aterrada e não fique próximo a árvores, pois podem facilitar a queda de raios.
 

Acontece Unimep – Como se proteger dos raios em ambientes fechados e externos?

Magui – Para se proteger, se esconda dentro de casas, lojas ou mesmo dentro de carro ou ônibus. Esses últimos agem como uma blindagem eletrostática, ou seja, os raios não penetram em corpos metálicos fechados, mas se espalham na superfície.
Se estiver nadando numa piscina, saia da água. Se estiver andando de moto ou de bicicleta, pare e se esconda. Se estiver numa carroceria aberta de caminhão, saia e entre dentro do veículo, pois os pneus não vão isolá-lo.
Se estiver jogando futebol, pare imediatamente, pois o campo de futebol é região de risco alto. O mesmo podemos dizer sobre andar na praia. Já dentro de casa não é recomendável usar telefones fixos ou ficar próximo de equipamentos com conexões externas, como televisores e computadores. Os riscos são baixos, mas há casos de acidentes registrados.

 

Acontece Unimep – O que é possível fazer se estiver desabrigado?

Magui – Nunca se deite no chão. O melhor é colocar os pés juntos, dobrar os joelhos (ficar de cócoras), abaixar a cabeça e fechar os braços ao seu redor, como um tatu-bola. Outra recomendação importante é não se considerar protegido por um para-raios que esteja a uma distância considerável. Por exemplo, se você está em uma praça e há para raios na igreja: só dentro e ao redor da igreja você estará protegido. A ação de um para-raios é bem limitada em alcance, pois protege somente uma área de diâmetro igual a sua altura do solo.

Acontece Unimep – O que acontece com alguém atingido por raio? Qual é a descarga elétrica que essa pessoa recebe aproximadamente?

Magui – Antes de falar o que ocorre com uma pessoa, é bom saber que os efeitos dependem da intensidade da corrente e também do trajeto que ela vai perfazer no corpo humano. Se a descarga elétrica passa pelo corpo humano num sentido (de cima para baixo ou o contrário), pode causar queimaduras, mas nem sempre esta paralisa o coração, então a pessoa pode sobreviver.
Mas se a corrente for de uma mão a outra, vai parar o coração (que é um músculo) e a pessoa pode morrer. O problema é que em geral a intensidade é muito alta, indo de 2.000 A a 100.000 A (a letra A significa Ampère, uma unidade de medida da intensidade de eletricidade ou da corrente elétrica). Para comparar, um chuveiro tem corrente de 30 A. Mas há pessoas que sobrevivem, pois as correntes dos raios duram muito pouco, em geral, menos de um segundo.

Acontece Unimep – Como algumas pessoas conseguem sobreviver a raios?

Magui – A sobrevivência vai depender da intensidade do raio e do seu trajeto no corpo humano. Um conselho: se estiver em um carro e esse carro for atingido por um fio elétrico, não saia do veículo. Dentro você estará isolado, mas se sair será eletrocutado, como ocorreu em fevereiro no Centro da cidade de São Paulo, com um homem de 47 anos. O carro dele foi atingido por fios da rede elétrica que se soltaram devido à queda de árvore. Talvez por medo, ele saiu do carro e nesse momento foi eletrocutado.

Texto: Angela Rodrigues
Fotos: banco de imagens/Fábio Mendes
Edição e Coordenação: Celiana Perina
Última atualização:  11/01/2016
 

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