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Unimepiana de direito, Fernanda Dal Picolo, é a 1ª advogada a assumir a presidência da OAB Piracicaba

por Angela Rodrigues publicado 21/02/2022 05h00, última modificação 21/02/2022 09h25


A unimepiana Fernanda Dal Picolo, 47, graduada em direito na Unimep em julho de 1998, assumiu no último dia 1º de janeiro, a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Piracicaba. Nos quase 90 anos de existência do órgão, é a primeira vez que uma mulher assume esse cargo.

Sobre a sua gestão, os novos desafios e as conquistas de sua trajetória profissional, Fernanda, que é piracicabana, concedeu entrevista especial à equipe do Acontece Unimep.

Na oportunidade, ela também relembrou fatos marcantes do período em que foi aluna da universidade. Confira a entrevista completa:

Acontece Unimep – Pode nos contar, resumidamente, a sua trajetória profissional?
Fernanda Dal Picolo – Ingressei na Unimep em 1994, e em 1995, já comecei a realizar estágio num escritório que advogava para o INSS. Depois, fiz estágio com um ex-procurador do INSS e quando eu me formei, continuei nesse escritório. Posteriormente, fiz algumas parcerias e em seguida é que fui para a área de Direito do Trabalho, que é a área em que eu atuo. Trabalhei com a Drª Isabel Coimbra, depois com o Dr. Pedroso, com a Drª Isabel Takaki e estou no escritório Gava há 9 anos, atuando na área trabalhista.


Acontece Unimep – Como surgiu o projeto de assumir a presidência da OAB Piracicaba?
Fernanda –
Na verdade, nunca imaginei chegar nessa função quando estava nos bancos da universidade. Na época em que eu era estudante, a relação com a OAB era muito distante. Hoje, temos procurado deixar a OAB mais próxima dos alunos, tanto que nessa gestão, nós temos a Comissão OAB Vai à Faculdade, presidida pela profª Drª Teresa Cristina, para ir formando esse elo de aproximação. Queremos estreitar esses laços. Na OAB, fiz parte de distintas comissões: da Comissão de Direito e Prerrogativas, fui membro da Comissão da Mulher Advogada, fui presidente da Comissão da Criança e do Adolescente, fui membro e posteriormente presidente da Comissão de Direito do Trabalho. E então, fui convidada pelo Dr. Jefferson, na 1ª gestão dele a compor a diretoria para esse triênio que se encerrou agora em dezembro. Então, de 2019 a 2021, atuei como vice-presidente.  Aí foi um processo natural. Eu já estava bem inserida das demandas da OAB, acabou sendo natural.


Acontece – É muito significativo atualmente poder contar com uma mulher nesse cargo. Como você se sente em ser a pioneira nesse caminho e como vê as demandas a serem realizadas?
Fernanda – Em primeiro, me honrou muito o fato de ter sido a 1ª mulher a assumir esse cargo e é mesmo uma quebra de paradigmas. Porque nós tivemos a primeira vice-presidente, a Drª Sueli Morales, na gestão passada. Ou seja, até então nós não tínhamos uma mulher nem ocupando o cargo de vice-presidente. Me honra muito assumir esse cargo e sei que terei muitas responsabilidades. Eu ouvi muito durante a campanha, visitando escritórios e conversando com outras mulheres que vou dar voz a elas. Então, sei que eu nunca vou estar sozinha, vou trazer conosco outras mulheres. Sei da importância é que dar voz a essas mulheres. Além disso, quero tentar tratar de alguns temas relacionados a mulher. Por exemplo, temos as Prerrogativas dos advogados. Mas às vezes, a mulher, no dia a dia da profissão, enfrenta alguns obstáculos que os homens não enfrentam. Então, a gente precisa tratar disso, trazer à tona esses assuntos. O próprio preconceito e até mesmo o fato de que a mulher deixar de preencher alguns cargos, e esse é um sentimento meu, por insegurança. A mulher tem várias responsabilidades: mãe, esposa, dona de casa, e quando ela se insere no mercado de trabalho é mais uma responsabilidade. Então, eu gostaria que elas também tivessem esse olhar de que é possível. É possível delegar, a gente não precisa querer abraçar tudo de uma vez. Então, fazer todas saberem também que são capazes e podem.

 

Acontece – Em outras localidades do país, ainda é raro ver uma mulher no comando da OAB locais e das respectivas subseções. Por que isso ocorre?
Fernanda – Creio que são vários fatores. Às vezes, por falta de oportunidade mesmo. Mesmo hoje, nessas eleições, nós tivemos o Conselho Federal que aprovou no início do ano uma regra: então, havia paridade de gênero. Toda chapa precisava ter 50% de mulheres e isso fez com que as mulheres participassem mais. Porque até a eleição passada, era muito comum vermos a diretoria composta de 5 membros, todos homens. Piracicaba, já há dois mandatos, tínhamos mulheres nas equipes sem ser obrigatório. Então, Piracicaba já começou a vir com esse olhar antes. Eu acredito nesse conjunto de fatores. Às vezes, falta de oportunidade mesmo, de a mulher não ter a oportunidade, de a mulher galgar e chegar ali, ou ela ter receio de assumir essa responsabilidade. A gente sabe que vai ter de conciliar essa demanda com as várias outras atividades. Então, acredito que seja essa união de fatores.

 

Acontece – Você também tem família, é mãe e conseguiu encontrar formas de conciliar tudo. Como foi enfrentar esses obstáculos?
Fernanda – Eu sempre tive muito apoio da minha família, e o meu filho tem 20 anos e já é universitário. Acho que pra mim, coincidiu também o momento em que estou vivendo profissionalmente e o momento familiar. Meu filho foi para a universidade, já tem 20 anos, então, isso acabou conciliando nesse momento.

 

Acontece – Quais são as principais atribuições e responsabilidades da OAB Piracicaba e, dentro delas, quais você irá priorizar em sua gestão?
Fernanda – A OAB é o advogado que dá voz ao cidadão. Ela atende não só os advogados, mas os cidadãos também. A gente sempre falou durante a campanha que, desde que o Dr. Fábio Ferreira de Moura assumiu a OAB, sendo oposição de um grupo já estava lá há muito tempo, se iniciou um novo projeto na OAB. Um projeto de abertura, de fato, da Casa do Advogado para os advogados, e de inclusão. Tanto que nós tínhamos no passado, 6 ou 8 comissões e hoje, nós temos 34. Então, a gente quer manter essas comissões porque são advogados que atuam na área de Direito de Família, na área de Direito Penal, Direito Civil, Direito do Trabalho. Então, queremos manter essas comissões, que promovem grupos de estudo, realização de congressos, diálogo com o Poder Público, também temos algumas cadeiras em órgãos do município, e a gente quer participar de debates onde a OAB também possa se fazer presente.

Quando se trata de direitos, é ter esse olhar para o jovem advogado quando ele sai da faculdade, porque a gente sabe que é difícil. Ainda mais, agora que eles estão saindo e a gente ainda está vivendo uma pandemia. Acredito que tenha muito jovem advogado que ainda não tenha feito uma audiência presencial e vai iniciar fazendo telepresencial. A gente precisa ter esse olhar para esse jovem advogado, auxiliá-lo a como fazer uma audiência, como acompanhar uma perícia. Também, criar um banco de currículos, parcerias com escritórios de advocacias, porque às vezes o escritório tem uma vaga e o advogado quer se inserir no mercado de trabalho mas não sabe como. 

Participar também de congressos, para falar de temas e assuntos importantes; também ter o olhar para aquele que não é tão jovem, se viu numa pandemia e teve de começar a realizar o trabalho todo em casa, de seu computador. Então, ter o olhar para esse profissional também. São muitas demandas.

 

Acontece Unimep – Qual foi o principal desafio que você superou em sua trajetória profissional?
Fernanda – Creio que o principal desafio que eu superei foi o de pensar “Será que eu vou dar conta de tudo isso?” Então, é tentar fazer sempre com o olhar de agregar. Nesse tempo em que eu estou na OAB, eu criei um forte senso de pertencimento e quero passar isso para quem está chegando agora.

 

Acontece – Por que escolheu cursar direito na Unimep?
Fernanda – Eu sempre digo que não fui eu quem escolheu o Direito, foi o Direito que me escolheu. Eu queria trabalhar com pessoas e de forma que eu pudesse auxiliar as pessoas. A Unimep sempre foi uma universidade muito tradicional e cursar qualquer graduação aqui enriquecia o currículo. Quando eu decidi que iria fazer Direito, eu não tive dúvidas em cursar Direito na Unimep.


Acontece – Qual é a principal lembrança que tem do período em que foi aluna da Unimep?
Fernanda – Tenho muito orgulho de ser unimepiana. Como falei, a Unimep é uma universidade muito tradicional. Aqui, fiz muito amigos e levo isso até hoje. Amigos, colegas e professores são laços de amizade que a gente leva para sempre.

 
Acontece – Quais foram as principais contribuições da Unimep à sua formação profissional?
Fernanda – O fato de eu ter escolhido ser advogada, e não ter prestado concurso, vem do fato de a Unimep ter despertado em mim essa paixão. Os professores eram muito acessíveis, despertaram essa paixão, sempre incentivando os alunos a estudar e se aprimorar. Acabei conhecendo diretores aqui na Unimep que me levaram para a OAB e acho que abriu essa porta para mim. Tive essa possibilidade. A Unimep foi  a nossa casa e acolheu muitos alunos.

 

Entrevista e fotos: Assessoria de Comunicação Unimep
Última atualização: 24.01.2022