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Unimepiana de jornalismo é idealizadora do projeto Movimento+Bonito

por Universidade Metodista de Piracicaba — publicado 08/03/2016 09h35, última modificação 26/04/2016 15h53

Reagir aos problemas “rindo da vida” é a postura que Daliani Ribeiro escolheu. Unimepiana da turma de 2003 do curso de jornalismo, ela precisou amputar o braço direito após sofrer um acidente automobilístico. Filha única, Daliani cresceu com os tios.  Aos 27, após uma ascensão profissional rápida, experimentou igualmente uma veloz decadência. Apesar da vida cheia de perdas, a unimepiana reverteu tudo com superação e aceitação. A partir disso, decidiu compartilhar sua experiência e influenciar a vida de outras pessoas.

Daliani promove atualmente uma ação que consiste na divulgação de  um calendário ilustrado de fotos com mulheres amputadas, chamado Movimento + Bonito. A proposta é levantar fundos e financiar próteses.

Daliani deu entrevista à equipe de reportagem da Unimep e é a nossa homenageada pelo Dia Internacional da Mulher. Confira os melhores trechos do bate-papo com a unimepiana.

Unimep - O que incentivou você a cursar jornalismo?

Daliani - Escrever e me expressar por meio da fala sempre foi natural pra mim. Cursar jornalismo foi por vocação.

Unimep - Conte sobre sua trajetória após a faculdade.

Daliani - Eu fui uma jornalista que acabou virando executiva de veículos de comunicação, ludibriada com a possibilidade de ganhar mais e assim realizar mais rápido meus desejos. Eu tinha uma boa colocação, um bom salário, status – tudo que me ensinaram que eu tinha que buscar para me realizar- e cheguei ao famoso “lᔠque todo mundo quer. Então percebi que faltava tudo.

A primeira coisa que eu queria era trazer minha jornalista criativa de volta, dar uma corzinha àquele mundo preto e branco em que me enfiei. Criei um blog, “Rindo da Vida”, e comecei a escrever o que eu mais gostava: crônicas. O segundo passo foi deixar aquela vida workaholic, mas o medo de ficar sem dinheiro era meu maior pesadelo. Entre me dar conta que faltava tudo, criar o blog e finalmente pedir demissão, foram mais dois anos e nesse tempo, eu que sempre fui buscadora do que vai além do quê os olhos veem, intensifiquei minha busca espiritual.

Unimep - Como aconteceu a sua amputação?

Daliani - No réveillon de 2012, a caminho de Florianópolis, o ônibus em que eu viajava sofreu um grave acidente e, entre mortos e feridos, fui a sobrevivente que, por pouco, não deixou o corpo. Com as maiores sequelas físicas, e passada uma semana desacordada, voltei depois de uma surpreendente e inexplicável sensação de silêncio, serenidade, paz e êxtase. Aquele “tudo” que faltava, chegou ali, e eu não sabia explicar o que era, mas era maravilhoso!

Acordei preenchida daquilo que só sabe o que é quem teve um vislumbre além da mente, do corpo, do conhecido. Ao constatar que faltava meu braço direito, não houve perda, não houve medo, não aconteceu nada além do meu coração vibrar mais alto soprando à consciência, “agora vá e colabore para que as pessoas compreendam que não existe perda, existe movimento! Comunique a verdadeira vida! Mostre que elas não são o corpo, rindo da vida assim, com seu maior instrumento de trabalho: um corpo sem o braço direito”.

Unimep - O que é o projeto Movimento + Bonito?

Daliani - O Movimento + Bonito é uma ação em prol de levantar fundos para financiar próteses de alta tecnologia às mulheres amputadas de baixa renda. Reunimos onze amputadas, já protetizadas pela empresa que comprou a ideia, e fizemos um calendário. Cada uma representou um mês e todas, juntas, o mês de dezembro. Toda criação do projeto foi minha. Desde que comecei a trabalhar como palestrante, notei a importância de levar às pessoas, e especialmente às mulheres, que a beleza vem de "dentro" e reflete fora. Quando apresentei a ideia ao diretor comercial da empresa que me protetiza, ele comprou na mesma hora. Nenhum corpo perfeito faz alguém mais bonito nem feliz. A mídia vende um padrão de beleza que tem deixado as mulheres doentes e sempre insatisfeitas. Nós, estampadas no calendário, contribuímos pra quebrar um tabu e levar essa mensagem. Para conhecer a iniciativa, acesse http://bit.ly/1PG2xc9

Unimep - Que lembranças tem da época da faculdade?

Daliani - Lembro bem da época da Unimep, da turma, dos professores e do campus. Foram quatro anos de muito riso, entusiasmo e amizades que cultivarei enquanto existir.

Unimep - Você se tornou mãe recentemente. O que muda?

Daliani - Ser mãe muda tudo porque você sai de foco, é renúncia total de si mesma pelo filho. Muda o tempo, a rotina, os desejos e aumenta o amor por tudo o que isso abrange.

Unimep - Que dicas você daria para o alunos que estão cursando jornalismo hoje? O jornalismo ainda vale a pena?

Daliani - O jornalismo hoje vale muito mais a pena do que nunca, porque a internet proporciona que a verdade seja escancarada, desvendada, aberta. O jornalista só vai fazer o que o sistema quer, pelo dinheiro, mas por amor ao jornalismo, não. Embora haja muito erro de informação, justamente pela corrida desenfreada da concorrência na mídia em dar a "boa nova" online na frente, quem quer se informar mesmo, desbrava esse território, e quem quer mostrar o que sente que deve ser mostrado, pode fazer. O importante mesmo é fazer com prazer, amor e realização que o retorno financeiro vem com certeza.


Texto: Serjey Martins
Fotos: acervo pessoal
Edição e Coordenação: Celiana Perina
Última atualização: 08/03/2016

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