Universitário de farmácia compartilha experiências de intercâmbio em Portugal
Por um semestre, o piracicabano Raphael Godinho (foto à esquerda), 24, que cursa o 10º semestre de farmácia da Unimep teve a oportunidade de conhecer novos lugares e fronteiras, aprimorar novos idiomas, ter contato com pessoas de diferentes origens e pensamentos e, também, descobrir nova percepção da vida. Todas essas experiências ocorreram com o primeiro intercâmbio vivido pelo universitário. De setembro de 2017 a janeiro desse ano, Godinho estudou na Universidade do Algarve em Portugal, localizada na cidade portuguesa Faro. A iniciativa foi intermediada pela Assessoria de Relações Internacionais da Unimep.
Ao longo desse período, o aluno conta que aprendeu e se surpreendeu em todo período em que teve de administrar o tempo e a vida para conciliar os estudos com o desejo de descobrir o mundo. Em entrevista concedida à equipe do Acontece Unimep, ele fala sobre a rotina em Portugal, as diferenças observadas nos dois países em sua área de atuação, além de mencionar sobre amadurecimento e os planos para futuro. Acompanhe os melhores trechos:
Acontece Unimep – Por que a escolha por Portugal?
Raphael Godinho – Pela facilidade do idioma e com a expectativa de que de alguma maneira Portugal poderia me ensinar ainda mais – dado sua proximidade com os demais países desenvolvidos e de reconhecida estrutura cientifica-tecnológica.
Acontece Unimep – Quais foram as principais atividades acadêmicas desenvolvidas?
Godinho – Tive muitas aulas práticas interessantes nos laboratórios de química, farmacotécnica e, até mesmo, uma visita ao consultório de uma das professoras que atuava como farmacêutica clínica. Ainda que a realidade de nosso país seja inteiramente diferente da de Portugal, senti-me feliz ao constatar que eu era capaz de acompanhar com presteza estas aulas práticas e que o conhecimento que obtive na Unimep não foi de maneira alguma insuficiente para lidar com os problemas e discussões que vivenciei em Portugal.
Acontece Unimep – Como era a sua rotina ao longo do intercâmbio?
Godinho – Ademais as aulas que ocorriam em períodos variados ao longo da semana, tive de equilibrar o tempo livre com os estudos e os cuidados da casa, alimentação, supermercado, regulamentação do meu visto, etc. Tive raros momentos de lazer, mas sem dúvida alguma considero-os alguns dos melhores de toda minha vida. A cidade é de longe uma das mais belas que já visitei. Pude conhecer a praia, a marina repleta de lanchas, experimentar em alguns raros e preciosos momentos a gastronomia típica e a companhia dos nativos. Como a maior parte das pessoas que conheci eram estudantes, pude passear com eles poucas vezes, devido a preocupação impar que cada um deles tinham com relação aos estudos e as tarefas domésticas. Na maior parte estive sozinho, explorando o mundo a minha maneira, e sempre contando com o apoio da família e amigos do Brasil.
Acontece Unimep – Como essa experiência contribuiu para a sua trajetória?
Godinho – Estar em outro país é uma das experiências mais enriquecedoras que uma pessoa pode ter. Poder sentir novos ares, conhecer novas línguas, povos de diferentes origens e pensamentos, é em suma, uma profunda lição de humildade.
Acontece Unimep – Pode contar os principais aprendizados nesse período?
Godinho – Aprendi a utilizar bancos de dados europeus, para ter acesso a informações preciosas sobre saúde, química e medicamentos, de maneira mais rápida e confiável. Também aprendi como se dá uma consulta farmacêutica, e como este modelo de atuação pode ser trazido aqui para o Brasil. Pratiquei meu inglês em inúmeras ocasiões. Pude conhecer também professores e profissionais de destaque no cenário português, que, sem dúvida, poderão contribuir comigo num próximo momento, quando voltar a estudar na Europa.
Acontece Unimep – Em sua área de formação, quais foram as principais diferenças observadas entre os dois países?
Godinho – O farmacêutico é muito mais valorizado em Portugal, e isso não se reflete apenas por meio de um salário mais alto, mas como a população nativa encara esse tipo de profissional. Alguém realmente capaz e a serviço da saúde, longe do conceito equivocado de mero “vendedor”, o qual muitas vezes a população brasileira nos relega. Vi o farmacêutico inserido mais ativamente nas equipes multidisciplinares, com ferramentas e tecnologias que melhor o colocava a serviço da população e da saúde. Nossos profissionais não são de nenhuma forma piores, porém é triste notar que mesmo sendo nós igualmente sábios, esforçados, atenciosos e trabalhadores, recebamos do nosso governo um tratamento sofrível.
Acontece Unimep – Em relação aos costumes e cultura, o que mais chamou a atenção?
Godinho – Sem dúvida nenhuma a língua. Embora falemos o mesmo “português”, a diferença de sotaque e de palavras, expressões, é muito maior do que a diferença entre brasileiros de diferentes estados.
Acontece Unimep – Pode contar um episódio que marcou o intercâmbio?
Raphael Godinho – Cada dia teve a sua própria particularidade. Mas talvez os momentos mais memoráveis tenham sido quando estive acompanhado por alguma colega, simplesmente conversando, e nos perdendo entre as ruas de Faro. O misto do moderno com o antigo é simplesmente lindo sob aquele céu sempre azul e sem nuvens.
Acontece Unimep – Quais são os planos para o futuro?
Raphael Godinho – Gostaria de voltar a trabalhar na indústria como pesquisador farmacêutico. Quero poder servir a população com integridade e com todo o conhecimento que recebi, e que ainda receberei, ao longo dessa jornada. Quero poder fazer meu mestrado aqui, e talvez voltar para a Europa em busca do doutorado.
Entrevista e texto: Angela Rodrigues
Fotos: acervo pessoal Raphael Godinho
Última atualização: 04/05/2018