Páscoa: O ser humano e o agir humano
No Evangelho de João, lemos a seguinte descrição a respeito da pessoa de Jesus: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:14
Podemos dizer que Jesus se tornou “gente como a gente”. Um ser humano com todos os seus dilemas e capacidade. Desta forma, podemos afirmar que Ele compreende todas as nossas angústias bem como entende as nossas aspirações.
Quando Cristo faz a opção de “virar gente” teve que abandonar a Sua posição e autoridade, se limitando ao tempo e espaço, deixando a eternidade. Tudo isto foi feito, pois o Mestre dos Mestres não queria apenas Ser humano, mas sim agir de forma humana.
Estamos vivendo o período quaresmal, que aponta para a ressurreição de Cristo. Este momento nos faz pensar que a vida é muito mais preciosa para desperdiçarmos tempo com coisas que não são essenciais.
John A. Schindler escreveu: “Quero viver até morrer”. Isto parece ser uma coisa óbvia, mas será que realmente vivemos os 365 dias do ano, ou estamos suportando um dia de cada vez? Cristo que se tornou “gente como a gente, e entende a gente”.
Ele, através da Sua vida, nos capacitou não somente a viver, mas a gostarmos da vida. Uma das ações da ressurreição é despertar em nós a espiritualidade. Não um lado espiritual, que torna as pessoas arrogantes, com atitudes farisaicas, mas sim pessoas humanizadas pela graça.
Parece um paradoxo, mas quanto mais espirituais formos, mais o agir humano deve transparecer em nossas atitudes. Alguém escreveu: “Quando uma pessoa quer ser extremamente santa, acaba sendo extremamente má”. Dentro desta ideia, podemos afirmar que não adianta ter “cara de crente”, se não possuir um coração de cristão.
O nosso encontro com Jesus, não é para sermos humanos, pois isto já somos. Sua ação em nós é para que possamos agir de forma humana, através do amor, respeito e compressão para com todos. Sem julgamentos, sem preconceitos.
Então Páscoa é um momento de reflexão. Pare e Pense! Como temos vivido até agora? Demonstramos em nossos relacionamentos um agir humano? Mesmo nos momentos em que temos que ser firmes, não podemos perder a ternura.
“Vivemos em uma geração desbussolada”. Isto significa que as pessoas perderam o referencial da vida. Em busca de uma verdade pessoal, abandonamos a verdade essencial. Hoje o que mais importa é o que “Sentimos”, não importa o outro. Mas isto gera uma identidade fragmentada, possibilitando a formação de muitos “eus”, “sujeitos despersonificados, não humanos”.
Que nestes dias que antecedem a Páscoa possamos buscar inspiração no Cristo ressurreto, para que nossas ações sejam humanizadas pela Sua presença em nós.
Silvio de Oliveira - pastor e psicanalista
Pastoral Escola e Universitária - IEP