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Páscoa, Tempo de Esperança

por Angela Rodrigues publicado 23/03/2018 02h00, última modificação 23/04/2018 10h31
23/03/2018

“Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre” Apocalipse 1.18


Esta é a notícia que nos dá esperança, enche-nos de fé, faz raiar luz aos que estão na escuridão e traz alegria aos entristecidos e solitários.

Na manhã da Páscoa, manhã da ressurreição, Maria Madalena estava exausta pela dor, cansada pelo vazio que a ausência de Jesus causava. Com a morte de Jesus, para ela, tudo tinha morrido também. Eram os três dias mais terríveis da existência humana, um tempo de tristeza sem igual, nada tinha sentido para a vida daquela mulher.

Quem sabe, pensava ela, poderia ir ao Jardim do Túmulo, ocupar o seu tempo nas proximidades do lugar onde o corpo de Jesus repousava. A exemplo de Maria Madalena, procuramos fazer muitas coisas quando estamos desgastados pela vida. A emoção daquela mulher, naquele amanhecer, representa a emoção do mundo inteiro na presença da crueldade esmagadora e da natureza irreparável da insana morte.

Como Maria Madalena chorava, há tantos que hoje peregrinam chorando. Na Síria, mães choram por seus filhos e maridos. Em Ramá, no tempo vero-testamentário, Raquel chorava seus filhos. Na Ucrânia há abundante choro pelas mães naquele país, porque o futuro é precário e perigoso. Em Ruanda, lágrimas ainda são derramadas a cada dia quando o horror do genocídio é lembrado. 

Aqui mesmo, em nosso país, mesmo que a economia melhore, há choro em famílias desestruturadas, nas pessoas que vivenciam vergonha de procurar alimentos nos lixões, ou assustadas com dívidas e inadimplências. Os que habitam em asilo choram de solidão, lamentam o abandono e a falta das famílias. Maria Madalena continua a chorar em todo o mundo, não esqueçamos disso.

Este é o mundo em que vivemos, um mundo que cada um de nós tem parte na ruína da criação. Um mundo de cruzes. Podemos até consolar uns aos outros e tratar bem a todos para que tenham dignidade. Nós podemos fazer jardins e sepulturas, podemos mover as pedras e limpar as lágrimas. Mas não podemos fazer nada para derrotar a morte.

Mas ouvir o anúncio: Aquele que estava morto, agora está vivo, somos impactados de esperança. Aquele cujo corpo tinha sido um cadáver, imóvel na sepultura, inerte, sem vida, deitado na borda da pedra do túmulo emprestado. Ele agora está diante de Maria, falando o nome dela. Hoje, celebramos o dia que Ele fala o teu e o meu nome e o de todo mundo para envolvê-los com a notícia de que ele está vivo.

Quando Maria ouve seu nome falado, nos é dito, ela se vira para ele. Um momento antes ela estava no mais profundo desespero, um segundo depois, sua vida mudou. Para a morte, aquele cenário testemunhava que ela estava sendo derrotada, agora a vida conhecia alguém mais forte do que a morte e que tudo muda, para quem nada é impossível.

Não podemos expulsar Deus, nem a vida de Deus, do seu mundo. Na verdade, esta nova vida insiste que não há nenhum lugar onde Deus está ausente, impotentes ou irrelevante. Não há nenhuma situação no universo em face da qual Deus está em uma perda. Aquele que estava morto agora está vivo. Onde havia lamento e choro, agora há alegria. Madalena está alegre, feliz, o Senhor vive.

Esta certeza pela fé de que Jesus está vivo nos capacita a enfrentar todos os horrores, todas as tristezas, certos de que vencerá a alegria. Saibam amadas e amados a alegria pode coexistir com a doença mental, depressão, luto, medo, porque a alegria de Cristo vem de saber que nada nem ninguém menos do que Deus tem a última palavra.  Isso só é possível porque Jesus está vivo.

Esta é a boa notícia neste meio-dia: Jesus vive. Ele nos dá esperança, enche-nos de fé, faz raiar luz aos que estão na escuridão e traz alegria aos entristecidos e solitários. Mas Jesus não terminou seu diálogo com Maria, ainda. Ele a comissiona a divulgar a ressurreição à humanidade, ou seja, ela se tornou uma testemunha. Então, Jesus a envia para os "irmãos" para dizer-lhes que Ele vive e em todos os quatro evangelhos a primeira testemunha da ressurreição é uma mulher. Então, Maria torna-se uma abençoada enviada à missão.

Hoje, aqui Jesus nos encontra e nos dá também uma importante missão: divulgar que Ele vive. Testemunhamos que o dinheiro não é o nosso príncipe, que as promoções e as satisfações não são o nosso rei. O ressurreto, o vivente Cristo de Deus, este sim, é o nosso Rei.

Este é um anúncio que chama a atenção de todos, trata as nossas vidas, cura nossa fragilidade, e envia-nos com um propósito, uma esperança e uma alegria. É notícia que o mundo não pode ignorar, que não podemos negligenciar, é a notícia de alegria imensurável. Jesus disse: “Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre”.

Reverendo Luiz Rodrigues Barbosa Neto – Pastoral Universitária