Refletindo sobre o Dia da Educação (28 de abril)
Leitura Bíblica: Eclesiastes 9, 11-18
Tenho pensado na imensa imprevisibilidade da vida e concluído que noventa por cento dela não se faz dentro dos planos que traçamos e dez por cento puramente acontece ao acaso. Constatei para meu espanto, aliás, confortador, que não vivemos a vida que escolhemos e construímos ao longo de nossa existência, desde a nossa tenra infância, mas a vida que herdamos.
Rigorosamente somos um pouco de cada um dos muitos com os quais convivemos e quase sempre são estas informações que delineiam nossos caminhos. Talvez seja em função destes aspectos que Edgar Morin, brilhante pensador francês, aponte-nos os sete buracos negros da educação afirmando que “incerteza é o novo nome do futuro” e esclarece “que a morte é a única coisa certa de nossa vida, mesmo assim imprevisível porque não sabemos a sua hora”.
Este fenômeno não se dá por falha humana, mas pela imprevisibilidade existente em nosso próprio universo. Basta pensarmos em nosso planeta que a cada momento nos surpreende com uma instabilidade através de vulcões, terremotos, maremotos, ciclones e fenômenos mais violentos como este último terremoto no Nepal.
Não imagino que haja ciência mais planejada do que a Economia e também se pode perceber que não há outra ciência onde os buracos e os equívocos têm sido tão vivenciados, a ponto de nos deixar problemas sólidos tão graves, crises quase que irreversíveis, que penetraram a humanidade inteira.
Poderíamos indagar - que diferença faz esta constatação? Para mim muito grande, principalmente no que se refere à educação. Precisamos preparar nossos/as alunos/as com orientações para conviverem com as imprevisões, para aprender lidar com o provisório e escapar de pensar a vida como plenamente planejada e retilínea.
Estamos cientes de que vivemos dissabores na vida, e principalmente na área da educação tanto escolar, universitária e no lar. A educação está imprevisível em nosso país. O que podemos fazer a respeito? Mergulhar em um sombrio pessimismo, ou tornar-se indiferente aos problemas? É bem verdade que muitos se deprimem quando a calamidade chega. Ela assusta, amargura-nos. Faz com que muitos busquem isolamentos. Mas o rei Salomão sabia que a vida "debaixo do sol" não era fácil nem justa. Ele não negou esse fato e muito menos fugiu da sua realidade.
Contrariamente, o sábio Salomão incentivou-nos a viver, em meio à imprevisibilidade da vida, aquilo que nos foi dado como porção. Mesmo sabendo que as boas ações nem sempre serão reconhecidas, Salomão acredita que devemos ter um ideal elevado e firmado em Deus (Ec 9.16-18)
“Então, disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada e as suas palavras não foram ouvidas. As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina sobre os tolos. Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, pois um só homem destrói muitos bens”.
Vivendo em uma sociedade relativista e vazia de idealismo, não há garantia de qualquer reconhecimento pelo fato de crermos e vivermos os valores morais e espirituais prescritos pela Bíblia. Contudo, vale a pena viver por um ideal, mas, conscientes da imprevisibilidade da vida.
Oração: Oro a Deus, pedindo que nos desafie a olharmos as incertezas que não resulta de nossas limitações, mas da própria estrutura do universo e que para tanto, pedimos sabedoria e o Seu auxílio, para que tenhamos uma educação voltada a preparar nossos/as alunos/as, para adequada convivência com as incertezas. Que Deus através de Cristo possa nos ajudar a encontrar o caminho que nos leva a certeza de uma vida com Ele.
A sabedoria está clamando, o discernimento ergue a sua voz. Provérbios 8.1
Na esperança e certeza da presença de Deus.
Pastora Márcia Célia Pereira
Pastoral Escolar e Universitária