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Tempos de Ensino e Amadurecimento

por Angela Rodrigues publicado 25/05/2017 02h00, última modificação 28/05/2018 20h05

É certo e comprovado que ninguém quer ter seu coração esmagado, ferido em lugares profundos onde as consequências nos acompanharão por toda a vida. Mesmo que não queiramos isso para nós e nem para ninguém, às vezes parece que são exatamente estas as realidades que fazem parte do ritmo da nossa vida. E quando estes dias difíceis chegam, sentimos intensamente as dores e os lamentos que eles carregam consigo e nos atingem em cheio.

As notícias sobre enfermidades nos perturbam, os informes das escolas sobre nossos filhos nos preocupam e se alguém vira as costas para nós, ficamos entristecidos. São tantas as situações que tentam esmagar nosso coração, a maioria delas chega de sobressalto e nos torna incapazes de reagir de imediato ou, até mesmo, nos preparar para tomar decisões. Suspeito que seus olhos se encham de lágrimas quando passa por situações assim, há receios e medos diante destas circunstâncias.

Convido você a acompanhar Jesus através do evangelista João 18.1-2 e conhecer como Ele reagiu passando por dolorosos momentos antes de sua prisão. Neste texto bíblico, Jesus sentiu extrema tristeza, Ele experimentou o que é ter coração esmagado, sentimento vivenciado entre as oliveiras daquele lugar. E, a oliveira é uma imagem que retrata muito bem porque, às vezes, nossos corações devem passar pelos tempos de esmagamento, tempos, infelizmente, necessários.

Para ser frutífera, inicialmente, a oliveira tem que ter tanto o vento leste como o vento oeste. O vento leste é o vento quente e seco do deserto, ele é um vento forte, tão duro que pode soprar sobre a grama verde e fazê-la secar rapidamente. O vento do oeste, por outro lado, vem do Mediterrâneo, conduzindo chuva e vida. O interessante é que a oliveira precisa desses dois ventos para produzir frutos, e nós também. Precisamos que os dois ventos, de sofrimento e alívio, sejam soprados sobre nossas vidas se quisermos ser verdadeiramente frutíferos.

É preciso que compreendamos que os tempos de esmagamento são tempos de processamento, são ensinadores e contribuem para o nosso amadurecimento. Outra coisa a considerar sobre a oliveira é: como a azeitona é naturalmente amarga e o que ela deve passar para ser útil. Se você pegasse uma azeitona da árvore e tentasse comê-la, sua tão notável amargura o deixaria doente. Saiba que para que a azeitona seja comestível, ela precisa passar por um longo processo que inclui: lavar, quebrar, encharcar, às vezes, salgar e esperar um pouco mais.

A transformação da azeitona do seu estado natural para o comestível é um processo demorado para ser curado de amargura e preparado para ser útil. E os mesmos estágios acontecem conosco nos tempos de dificuldade e problemas, pois se quisermos escapar da amargura natural do coração humano, teremos que passar por um longo processo também, o processo de ser curado. Tudo tem um custo, os tempos de trituração são tempos de preservação, que são tão necessários em nosso favor. O exemplo é o que fez Jesus, superando a extrema tristeza vivida com seus discípulos no ribeiro de Cedron.

Concluindo o processual de aproveitamento da azeitona, convém considerar a melhor maneira de preservá-la a longo prazo. Deve ser esmagada para extração do óleo, fase das mais difíceis, o mesmo processo é verdade para nós. O caminho bíblico para a preservação é ser pressionado, e ser pressionado pode certamente parecer esmagado, entretanto, o sentido nem sempre é o mesmo para as duas situações.

Diz a Bíblia Sagrada em 2ªCoríntios 4. 8, que somos pressionados, não esmagados. Vamos ler os versículos 8 e 9: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; estamos perplexos, mas não em desespero; perseguidos, mas não abandonados; derrubados, mas não destruídos;” Este foi um dos maiores momentos que Jesus viveu no episódio da sua prisão à sombra da oliveira: ou seja, esmagar não é o fim da azeitona.

Neste contexto relatado, o esmagamento é o caminho da preservação da azeitona. É também a maneira de obter o que é mais valioso, o óleo da azeitona. Manter essa perspectiva é como podemos ser incomodados de todos os lados, mas não angustiados, pressionados a ponto de sermos esmagados, mas não esmagados e destruídos. Então, precisamos rever estas verdades frequentemente: quando os ventos tristes do leste sopram, esquecemos que são necessários; quando somos processados, esquecemos que é para nos livrar da amargura; e, quando esmagados, esquecemos que é por causa da nossa preservação.

Lamentavelmente, esquecemos todas essas coisas com tamanha facilidade, talvez Deus soubesse que todos nós esqueceríamos o processo que preserva o nosso coração.

Tenha uma semana abençoada e se permita a experimentar tempos de ensino e amadurecimento, não esqueça que a exemplo da oliveira e sua azeitona, somos atribulados em muitas coisas, mas nunca destruídos.

Deus nos preserve e nos abençoe em todas as áreas da nossa vida e, também, dê toda a nossa amada parentela.


Reverendo Luiz Rodrigues Barbosa Neto – Pastoral Universitária